“Sofremos diariamente a exclusão social e a violência causada pelo racismo, machismo e sexismo”, diz MC Sofia em chamado ao antirracismo no Fórum Geração Igualdade Paris
02.07.2021
Em painel de alto nível para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e Meninas e Spotlight, que reuniu o secretário-geral da ONU, presidenta da União Europeia e artistas, rapper brasileira acentuou: “Todas e todos devemos participar de lutas antirracistas, de marchas sociais e de todos os movimentos”
“Nós, meninas e mulheres negras somos a maioria no Brasil, mas devido aos 300 anos de escravidão e à falta de de política de reparação histórica, sofremos diariamente a exclusão social e a violência causada pelo racismo, machismo e sexismo. A cada 23 segundos, um jovem negro é assassinado no Brasil. E, nestes últimos tempos, essa violência só vai crescer”, contou a rapper brasileira MC Sofia no painel de alto nível para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e Meninas e Spotlight organizado nesta sexta-feira (2/7).
O painel foi moderado pelas mulheres jovens Madj Ghraizi e Talent Chibvongodze (Youth), e teve participação do secretário-geral da ONU, António Guterres; do presidente da Islândia, Guðni Th. Jóhannesson; da atriz Emma Watson, embaixadora global da ONU Mulheres; da atriz Cecilia Suarez e do ator Edgar Ramirez. Estiveram presentes também: a advogada e CEO da Time’s Up, Tina Tchen; o CEO da Dangote Group Lawyer, Aliko Dangote; e da presidente da União Europeia, Ursula von de Leyen. Entre as perguntas condutoras do painel esteve: “Como a Iniciativa Spotlight pode liderar esforços globais pelo fm da violência contra as mulheres e meninas?”. A sessão reuniu líderanças feministas e jovens, influenciadoras e influenciadores em diferentes níveis, incluindo formuladores e formuladoras de políticas, entre outras. Cada um e cada uma deu exemplos dos compromissos que farão para reconstruir um mundo melhor, sem violência, com relações de poder mais equitativas, a partir da liderança exercida nas instituições.
A artista brasileira ressaltou a violência de raça a gênero que tem como alvo as mulheres negras, que “são assassinadas a cada duas horas”. Ela acrescentou não ser “à toa que o movimento de mulheres negras” denuncia a brutalidade da violência letal contra a população negra no Brasil há anos. No vídeo, MC Sofia contou o caso de Kathelen Romeu, uma jovem negra, graduada, grávida e “com um belo futuro pela frente, que foi ceifado por uma ‘bala perdida’, sendo que essa ‘bala perdida’ só atinge corpos negros”.
Ao referir-se à sua arte e à resposta à pergunta “Como você usa o seu trabalho e arte para dar voz às mulheres e meninas marginalizadas?, a cantora salientou que o “rap tem um discurso de contestação e como expressão cultural tem um potencial fortíssimo de atingir milhares de pessoas e despertar o coração e a mente para questões tão fundamentais, como o racismo e a violência que vivemos”. MC Sofia compartilhou que “sentiu na pele todas essas violências. E a forma que eu encontrei de lutar contra esse racismo é escrevendo músicas, só que músicas de empoderamento para que eu possa elevar a autoestima das mulheres negras”.
Por fim, MC Sofia fez um chamado ao engajamento global com o fim do racismo: “Todas e todos devemos participar de lutas antirracistas, de marchas sociais e de todos os movimentos”.
Agenda internacional pelos direitos das mulheres e meninas – Em 30 de junho, o Fórum Geração Igualdade Paris lançou o Plano de Aceleração Global para a Igualdade de Gênero, impulsionado por seis Coalizões de Ação, e lançou o Pacto sobre Mulheres, Paz e Segurança e Ação Humanitária, para acelerar a igualdade de gênero nos próximos cinco anos e enfrentar os riscos crescentes para direitos das mulheres causados pela Covid-19. Estão previstos 40 bilhões de dólares em novos investimentos nas iniciativas, o que representa o maior aporte coletivo de recursos para a igualdade de gênero no mundo.