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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”



09.09.2021


Pela liderança de cinco mulheres dos povos Baré, Guajajara, Iny, Kaxuyana e Pankararu, a ONU Mulheres registrou depoimentos sobre gênero, etnia e clima como colaboração à visibilidade das mulheres indígenas no processo da COP 26 

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

 

De 1 a 12 de novembro, acontecerá a 26a Conferência Mundial do Clima – COP26. No Brasil, uma das campanhas de engajamento social é a “Nós, o Movimento”, da ONU, para ampliação do debate público sobre mudanças climáticas. 

Mulheres indígenas, participantes do Acampamento Terra Livre 2021 (ATL 2021), em Brasília, somaram as suas vozes conclamando o mundo para a situação dos povos indígenas no país, preservação ambiental e alianças em favor da redução de danos decorrentes das mudanças climáticas.

Pela liderança de cinco mulheres dos povos Baré, Guajajara, Iny, Kaxuyana e Pankararu, a ONU Mulheres registrou depoimentos sobre gênero, etnia e clima como colaboração à visibilidade das mulheres indígenas no processo da COP 26. Os conteúdos estão em sintonia com a campanha “Nós, o Movimento”, da ONU, com histórias de quem está fazendo sua parte em defesa do meio ambiente.

“O mundo precisa saber do nosso papel como mulheres indígenas é discutir sobre a mudança do clima e da preservação do meio ambiente. Não discutir sobre a vida dos povos indígenas é discutir pela metade da nossa responsabilidade. Falar sobre preservação do meio ambiente e riscos é também falar sobre a vida dos povos indígenas que dependem diretamente da natureza. A vida dos povos indígenas está em risco. Para manter o equilíbrio do clima, as matas em pé e contra o garimpos, a vida dos povos indígenas é essencial para toda a humanidade, principalmente a vida das mulheres que estão na linha da frente para salvar a vida do seu povo, das crianças e dos anciões. Nós, povos indígenas, temos tido papel fundamental durante séculos para manter o nosso clima equilibrado, manter as florestas em pé e manter a vida dos seres humanos”. 

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

Ângela Kaxuyana – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
Povo Kaxuyana
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin

 

“Quando nós, mulheres, falamos que o planeta está em perigo, que o nosso planeta está morrendo, ele está literalmente morrendo pelas mãos das pessoas que deveriam fazer com que os direitos que elas mesmas assinaram sejam implementados. A vida depende da manutenção da biodiversidade. Precisamos de água limpa, solo fértil, árvores em para garantir o nosso ar puro. Sem isso, a gente sobrevive? A natureza por si , sim. E nós, seres humanos?  As mudanças climáticas estão justamente por conta dessa violação de direitos humanos, ambientais, sociais. Fora o risco de destruição que a gente precisa combater. Brasil e outros países, se somem a esse momento de fortalecimento e manutenção da preservação e conservação da nossa biodiversidade aqui no Brasil e nos seus países”. 

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

Cristiane Pankararu – ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade)
Povo Pankararu
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin

 

O ativismo indígena está diretamente ligado à questão ambiental. Para nós, povos indígenas, a nossa cosmovisão diz que somos parte da natureza. A cosmovisao não-indígena quer dominar a natureza. Para nós, a terra é a mãe que nos acolhe, sustenta e alimenta no seu seio. Temos obrigação de retribuir tudo isso, cuidando dela. Quando estamos nesse movimento pelas nossas terras e nossa existência, estamos lutando pela vida e pelas florestas. 80% da biodiversidade do planeta está nos territórios indígenas, ou seja, o modo de vida que não é indígena está promovendo a maior devastação que se viu na humanidade nas nossas florestas, rios e ares. Coisa que os nossos anciões falavam muito tempo: essa devastação iria trazer desequilíbrio e até morte para a própria espécie. A ciência es comprovando e estamos vivendo isso. Nós, povos indígenas, somos centrais nas discussões climáticas, porque o nosso modo de vida é um modo de respeito a toda a natureza e preservamos a natureza. Somos os guardiões das florestas que restam no mundo. 

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

Narubia Werreira – comunicadora indígena
Povo Iny
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin

 

Os povos indígenas funcionam como grandes barreiras ao agronegócio, ao avanço do garimpo ilegal e do desmatamento. É uma causa que precisa ser abraçada por toda a sociedade, todas as pessoas porque é uma causa coletiva.

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

Sônia Guajajara – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)
Povo Guajajara
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin

 

Os povos indígenas precisam do apoio de toda a população mundial, principalmente no que tange aos nossos direitos. Eu gosto de falar sobre território, que engloba educação, preservação do meio ambiente e saúde. Para nós, povos indígenas, território vai além. Tem a questão da espiritualidade. Somos territórios, fazemos parte do território. Somos um . É importante que os territórios indígenas sejam preservados, demarcados para que a humanidade continue respirando também. Sem os povos originários, não somente no Brasil, não existe ar puro para respirar. Não existe saúde, educação e meio ambiente. Os direitos humanos dos povos indígenas implicam respeito na nossa diversidade. Somos 305 povos indígenas diferentes, 274 línguas indígenas diferentes. A nossa especificidade deve ser respeitada na saúde, educação. Estando dentro ou for a dos nossos territórios, não deixamos de ser indígenas. Educação diferenciada desde a educação básica, saúde boa diferenciada que atenda as especificidades e respeite os povos indígenas 

 

Mulheres Indígenas somam as suas vozes à campanha “Nós, o Movimento”/noticias mulheres indigenas geracao igualdade

Suliete Monteiro – engenheira florestal e mestranda em Direitos Humanos
Povo Baré
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin