Mulheres indígenas são destaque de curso e debates sobre mídia, que acontecem de 5 a 7/6, em Dourados
05.06.2019
Debate “Mulheres Indígenas e mídias – da invisibilidade ao acesso a direitos”, exibição do mini-documentário “Mulheres Indígenas: vozes por direitos e justiça” e “Curso Mulheres Indígenas e Novas Mídias” retomam algumas das demandas sinalizadas pela Pauta Nacional das Mulheres Indígenas
Visibilidade e direitos das mulheres indígenas são temas centrais de programação que se inicia, nesta quarta-feira (5/6), em Dourados, por iniciativa do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS) e da ONU Mulheres em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Cátedra Unesco e apoio do grupo Voz das Mulheres Indígenas. Três atividades articulam os temas: debate “Mulheres Indígenas e mídias – da invisibilidade ao acesso a direitos”, em 5/6; exibição e debate do mini-documentário Mulheres Indígenas: vozes por direitos e justiça, em 6/6; e 1ª edição do “Curso Mulheres Indígenas e Novas Mídias”, em 6/6 e 7/6.
A ONU Mulheres Brasil considera que a programação retoma algumas das demandas sinalizadas pela Pauta Nacional das Mulheres Indígenas por meio da mobilização de parcerias institucionais no Mato Grosso do Sul para responder às mulheres indígenas. “O grupo Voz das Mulheres Indígenas tem articulado não somente a sistematização das principais demandas por direitos das mulheres indígenas em todo o Brasil como também a liderança e a participação delas nos seus estados e em espaços internacionais. A programação em Dourados se insere nesse processo e avança por retomar e ampliar parcerias no Mato Grosso do Sul, que demandam continuidade e visibilidade. Outro aspecto positivo é abrir uma frente de trabalho com foco em comunicação das mulheres indígenas e direitos, que pode servir de inspiração para outras localidades do país”, afirma Ana Carolina Querino, representante interina da ONU Mulheres Brasil.
Sob a liderança do grupo Voz das Mulheres Indígenas a Pauta Nacional das Mulheres Indígenas, elaborada no ano de 2016, após um ano e meio de trabalho, identificou seis eixos com base nas demandas de 282 mulheres de 104 povos indígenas: 1. Violação dos direitos das mulheres indígenas – incluindo, mas não se limitando, ao enfrentamento à violência contra a mulher; 2. Empoderamento político e participação política das mulheres indígenas; 3. Direito à saúde, educação e segurança; 4. Empoderamento econômico; 5. Direito à terra e processos de retomada; e 6. Conhecimentos tradicionais e diálogo inter-geracional.
Existência e justiça – A programação se inicia com o evento “Mulheres Indígenas e Mídias Sociais – da Invisibilidade ao Acesso aos Direitos”, em 5/6, às 19h, no auditório CEUD – Reitoria da UFGD. A atividade começará com a apresentação Jeovassa, reza indígena, e mística organizada pela FAIND (Faculdade Intercultural Indígena) da UFGD. O tema da palestra será desenvolvido por representante da Aty Kuña, conselheira Daldice Maria Santana de Almeida do CNJ e representantes do TJ-MS, ONU Mulheres Brasil, Voz das Mulheres Indígenas, Cátedra Unesco, UFGD e da Faculdade Intercultural Indígena da UFGD.
Na quinta-feira (6/6), das 15h às 16h30, será exibido o mini-documentário Mulheres Indígenas, Vozes por Direitos e Justiça, da ONU Brasil, no auditório da Faculdade de Ciências Humanas da UFGD. O filme foi lançado pela ONU Brasil em 2018 e retrata momentos de diálogo entre as mulheres indígenas e as Nações Unidas em torno de sua articulação pelos direitos humanos e em defesa de seus povos e territórios, no Brasil e no exterior. Registra, sobretudo, o Kuñangue Aty Guasu, grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani, em que as Nações Unidas participaram, no ano de 2017, a convite das lideranças indígenas para conhecer as demandas das mulheres nos seus territórios de vida.
Pela primeira vez, acontecerá o curso “Mulheres Indígenas e novas mídias”, direcionado para pessoas indígenas, jornalistas, estudantes, comunicadoras e comunicadores. Outro elemento novo é que a facilitação será conduzida por mulher indígena: a cineasta Graciela Guarani.
O curso será realizado, em 6 e 7/6, na UFGD. Serão abordadas questões sobre mulheres indígenas, saúde, acesso aos direitos no contexto de enfretamento ao racismo, etnocentrismo e à violência em sociedade, além da abordagem sobre comunicação, mídias sociais, ética e princípios da solidariedade e justiça social na saúde.
Reforço da parceria – As atividades acontecem, ainda, como parte das ações da cooperação técnica do TJ-MS e da ONU Mulheres Brasil no âmbito do movimento ElesPorElas HeForShe, que prevê uma série de iniciativas, entre 2019 e 2020, para fortalecer o acesso das mulheres à justiça, atender grupos vulneráveis, entre elas mulheres indígenas, mulheres negras e juventude negra, engajar homens com a igualdade de gênero e mobilizar sociedade e poder público local para a prevenção e a eliminação da violência contra as mulheres.