Médica venezuelana busca revalidar diploma para exercer sua profissão no Brasil
17.01.2023
Mesmo sendo um processo longo e burocrático, é possível que pessoas formadas em outros países solicitem o reconhecimento do ensino superior para atuar em sua área de formação
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Aos 42 anos, Aleska sonha em colocar em prática no Brasil os conhecimentos e a experiência como pediatra (Foto: ONU Mulheres / Claudia Ferreira)
As dificuldades enfrentadas na Venezuela fizeram com que Aleska exercesse por pouco tempo seu sonho de ser médica pediatra. Em 2018, ela havia terminado a graduação e a residência em pediatria. Também havia conseguido emprego em dois hospitais, que conciliava com as rotinas da maternidade.
Rapidamente, porém, os salários recebidos por ela e seu marido perderam o poder de compra, e não foi mais possível sustentar a família com o básico. “Meu marido estava em quatro empregos e eu em dois hospitais, porém, no final do mês, o dinheiro não dava nem para as compras de comida no mercado”, lembra.
Naquele mesmo ano, eles decidiram vir para o Brasil em busca da garantia de seus direitos e melhores condições de vida. Aleska, o marido e o filho chegaram ao país por Boa Vista (RR), onde moraram por alguns meses. Há três anos, a família vive em São Paulo (SP), onde ela tem a perspectiva de revalidar o diploma de medicina para atuar no Brasil.
De acordo com a regulamentação do Ministério da Educação, todas as pessoas que se formaram em medicina em outro país devem realizar o exame chamado Revalida: uma prova nacional para verificar os conhecimentos, habilidades e competências exigidos para o exercício da profissão.
Aleska comenta que este período, enquanto ainda não pode exercer sua profissão no Brasil, tem sido difícil. “Decidi voltar a trabalhar mesmo fora da minha área porque temos muitas contas para pagar. Fiz curso de babá, de cuidadora, de copeira hospitalar… e, com apoio do ACNUR e da International Finance Corporation (IFC), comecei a trabalhar como copeira em um hospital, onde fiquei por dois anos, mas queria muito poder trabalhar na minha área”, lembra.
Segundo ela, a universidade na Venezuela levou mais de três anos para enviar a documentação necessária para o processo de revalidação do diploma no Brasil. “Saí do emprego de copeira para focar em estudar para o exame e comecei a trabalhar com telemarketing, porque era mais fácil para conciliar com os estudos”.
Aleska já realizou a primeira etapa do Revalida. Agora espera a data para a realização da segunda fase da prova e, se aprovada, poderá enfim exercer a profissão de médica no Brasil. “Apesar das dificuldades eu vou insistir, porque não podemos perder a esperança”, ressalta.
Saiba mais sobre a história de Aleska no vídeo a seguir:
Sobre o Moverse – No Brasil, ONU Mulheres, ACNUR e Fundo de População da ONU (UNFPA), com o financiamento do Governo de Luxemburgo, desenvolvem conjuntamente o programa Moverse – Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes. O objetivo é o fortalecimento dos direitos econômicos e das oportunidades de desenvolvimento entre venezuelanas refugiadas e migrantes. O programa é realizado desde setembro de 2021 e envolve empresas, instituições e governos nos temas e ações ligadas a trabalho decente, proteção social e empreendedorismo. O Moverse também atua diretamente com mulheres refugiadas e migrantes, para que elas tenham acesso a capacitações e a oportunidades no mercado de trabalho e no empreendedorismo. Outra frente de trabalho do programa é ligada à violência baseada em gênero. Para receber informações sobre o Moverse, inscreva-se na newsletter em http://eepurl.com/hWgjiL