Em missão ao Pará, ONU Mulheres visita quilombo e dialoga com o governo estadual e municipal para promover a governança de mulheres indígenas e quilombolas
26.06.2023
Visita teve espaço para escuta sobre a atual situação das mulheres quilombolas da região de Mocajuba e possibilidade de novas parcerias com o governo estadual e municipal
Em nova missão ao Pará em torno do projeto “Direitos humanos das mulheres indígenas e quilombolas: uma questão de governança!”, a equipe da ONU Mulheres esteve entre os dias 4 e 8 de junho com parceiras e parceiros de secretarias estaduais, com a equipe da prefeitura de Mocajuba e com mulheres quilombolas da região, para uma série de diálogos realizados com o intuito de fortalecer a formulação de políticas, planos e orçamentos com foco nas mulheres indígenas e quilombolas. O projeto tem como objetivo promover ações para eliminar a discriminação e as desigualdades com base em gênero, raça e etnia.
A agenda começou em diálogo com Haydeé Marinho, diretora de Gestão Socioeconômica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, que apresentou ideias iniciais para um projeto em processo de consulta interna voltado para mulheres que vivem em Territórios Sustentáveis, com foco nos temas de gênero e mudanças climáticas. Segundo a gestora, o projeto é fruto direto das oficinas e do apoio técnico desenvolvidos em torno da iniciativa promovida pela ONU Mulheres, que tem como algumas das ações a formação sociopolítica das mulheres indígenas e quilombolas, bem como a promoção de oficinas criadas para aumentar a capacidade da gestão pública de desenvolver políticas públicas que atendam a esses públicos.
Em um segundo momento, a equipe liderada pela representante da ONU Mulheres no Brasil, Anastasia Divinskaya, se reuniu com Cleide Amorim, secretaria-adjunta da Secretaria de Estado das Mulheres do Pará, com o intuito de apresentar os resultados do projeto e oferecer apoio técnico à pasta recém-criada. “Nosso projeto baseia-se nas boas práticas de implementação das políticas estatais e municipais, planos e orçamentos que respondam às necessidades das mulheres quilombolas e indígenas, e na experiência que as autoridades estatais dos estados do Maranhão e do Pará acumularam até agora. É importante ressaltar que esse projeto é inovador e co-criado com as mulheres. Analisamos suas necessidades, planejamos e implementamos o projeto conjuntamente”, destacou Anastasia Divinskaya.
A equipe da ONU Mulheres se reuniu ainda com integrantes da Secretaria de Estado de Educação, Secretaria dos Povos Indígenas, Secretaria de Cultura, com a presença da secretária Ursula Vidal, e Secretaria de Meio Ambiente para uma conversa sobre a experiência do projeto no Pará e formas de cooperação da ONU Mulheres com as pastas, com atenção à documentação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas para as mulheres indígenas e quilombolas.
“A visita ao Pará possibilitou discutir a colaboração da ONU Mulheres com o governo, agora que foram criadas secretarias estratégicas. Como o Pará sediará a COP30, teremos uma grande oportunidade de assegurar a participação das mulheres na discussão sobre o meio ambiente, particularmente das mulheres indígenas, quilombolas e extrativistas”, explicou Ana Claudia Jaquetto Pereira, analista de programas da ONU Mulheres e gerente responsável pelo projeto, realizado com apoio da Embaixada da Noruega.
Na segunda parte da missão, a delegação visitou Mocajuba, um dos municípios nos quais a equipe tem parceria com grupos de mulheres. Após uma reunião com o prefeito do município, Cosme Macedo Pereira, sobre o atual cenário da cidade e o apoio técnico da ONU Mulheres às gestoras e gestores da cidade, a delegação se dirigiu ao Quilombo São José de Icatu. A equipe foi recepcionada pelas lideranças quilombolas Maria José de Sousa e Maria Deuza Conceição, articuladora local da ONU Mulheres, com cantos e falas sobre os desafios e conquistas das mulheres e da população quilombola da região.
Ao lado de representantes dos 15 coletivos de mulheres quilombolas de Mocajuba e oito de Baião, criados a partir do projeto, a delegação da ONU Mulheres ouviu das presentes como elas têm empregado no dia a dia os conhecimentos adquiridos no processo formativo realizado em torno da iniciativa. Para Maria Deuza Conceição Caldas, atuar como articuladora e mobilizadora junto às mulheres tem sido desafiador e um importante salto no seu desenvolvimento sociopolítico.
“Está sendo muito gratificante para mim poder somar à essa luta. Estou ganhando conhecimento, oportunidades, crescendo na sociedade e ocupando um espaço que eu nunca imaginei ocupar. Participar do projeto foi muito importante para eu conhecer uma força que eu tinha dentro de mim e que não conhecia. Agora, mais mulheres estão vindo para o movimento, se desenvolvendo e também estão conhecendo espaços que elas devem ocupar”, vibrou Maria Deuza.