Compartilhar o conhecimento: como é a trajetória para se tornar jovem líder do programa Uma Vitória Leva à Outra
17.05.2022
“A gente está onde a gente quer estar. É você quem manda em você.” É assim que, empoderada, Iara Farias Alves, hoje com 18 anos e jovem líder do programa UVLO, pensa sobre como deve ser a postura de uma mulher. Moradora de Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, a jovem entrou para o programa Uma Vitória Leva à Outra (UVLO) em 2018, aos 15 anos de idade, como aluna do Módulo Fundamentos. Em 2020, na etapa online do projeto, como já tinha alguma experiência, começou a dar suporte para as alunas mais novas. Em 2022, tornou- se uma jovem líder do UVLO. Foi um momento de extrema emoção para a sua trajetória. “Quando eu consegui – e foi com a minha primeira professora que eu tive aqui, ela que me entregou a camisa – eu fiquei muito emocionada, porque foi uma realização”, relata.
Concretização de um sonho que é resultado de um significativo processo de formação. Durante todo o período em que avançam nos módulos do programa, as meninas vão aprimorando seus conhecimentos e habilidades, e, aquelas que mais se destacam no programa em termos de desempenho e comprometimento, são nomeadas jovens líderes. Elas passam a apoiar as facilitadoras do UVLO, transmitindo seus conhecimentos às meninas mais novas que ingressam no programa. “Tudo que a gente consegue levar pra elas, elas conseguem trazer em dobro para a gente”, pontua Iara, ressaltando a riqueza das trocas entre facilitadoras e alunas.
Como é fácil deduzir a partir dessa realidade entre as participantes e as profissionais do programa, as relações são todas baseadas em muito afeto. Sobre isso, Iara relembra seustempos de aluna: “Elas (as facilitadoras) te fazem se sentir no melhor lugar do mundo. Não importa o assunto que você queira trazer, elas vão te ajudar de alguma forma.” No intuito de passar essa experiência adiante, a jovem complementa: “Foi o jeito que me acolheram e é a forma como hoje eu quero acolher qualquer pessoa que precise de ajuda, inclusive as meninas que estão hoje sendo minhas alunas”.
Esse acolhimento se dá a partir da construção de espaços seguros onde as meninas se sentem ouvidas diante dos problemas. Muitas delas enfrentam situações de violência e discriminação em casa, na rua e até mesmo na prática esportiva, especialmente as meninas que estão em modalidades historicamente dominados por homens, como é o futebol. Iara afirma que o esporte é muito importante, pois ajuda a quebrar os preconceitos e estereótipos nocivos de gênero, e que as trocas no UVLO ajudam a perceber que esses comportamentos são expressões de violência. Ao aprender a identificar os diversos tipos de agressões que podem ser exercidas, as participantes também aprendem a se proteger melhor. Ivana Vagenin, facilitadora do programa, destaca: “A gente precisa falar sobre o que é violência, quais são os tipos de violência que existem. Porque às vezes a gente passa por uma coisa e a gente nem sabe que aquilo é violência”.
Um efeito positivo desse aprendizado é o ganho de autoestima das meninas e jovens mulheres. Elas são incentivadas a desenvolver essa postura autoconfiante em todas as etapas do Uma Vitória Leva à Outra, o que vai sendo aprimorado ao longo da formação e que ganha ainda mais força no momento em que uma menina se torna jovem líder. “Antes eu era tímida, não me colocava”, lembra Iara. Hoje, ela se sente aberta para falar sobre qualquer assunto e, acima de tudo, para se posicionar.
Como consequência de todo esse processo educacional e de amadurecimento das jovens mulheres, elas ganham não só confiança, mas esperança e perspectiva. Mirando seu futuro, Iara tem o plano de se graduar em educação física e continuar no programa, com muito orgulho do trabalho desenvolvido e de cada participante.
Para jovens como ela, vindas de uma realidade de vulnerabilidade social, Iara deixa um recado de empoderamento e determinação: “É preciso sempre pensar no que vai ser melhor para você e não ligar para a opinião dos outros. Só importa o que a gente quer e o que a gente gosta”, finaliza.