A ONU Mulheres Brasil e o Escritório Regional para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenam o feminicídio de Julieta Hernández
12.01.2024
A ONU Mulheres Brasil e o Escritório Regional para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) condenam o feminicídio da artista circense Julieta Hernández, ocorrido em dezembro, no Amazonas. Venezuelana, Julieta vivia no Brasil desde 2015 e seguia em direção ao seu país de origem. Ela se dedicava a levar cultura e educação popular às comunidades por onde passava: viajando de bicicleta, dava vida à personagem Miss Jujuba, que convidava a reflexões sobre a sua experiência enquanto artista, mulher e migrante.
Julieta era um exemplo das contribuições e do potencial de transformação social positiva associados à atuação das mulheres migrantes e refugiadas.
As circunstâncias que levaram ao seu feminicídio são emblemáticas da prevalência e da gravidade da violência com base em gênero, que afeta de modo particular as migrantes e refugiadas. No Brasil e no mundo, a nacionalidade, barreiras de idioma, vulnerabilidades socioeconômicas, redes de proteção e laços sociais limitados, informação insuficiente sobre como acessar serviços essenciais e a sua concentração nos grandes centros urbanos, obstáculos ao acesso à justiça, além da misoginia, do racismo e da xenofobia, estão entre os desafios para prevenir e responder adequadamente à discriminação e à violência contra essas mulheres e meninas.
A responsabilização e a reparação integral são condições para a justiça e para a construção de um Brasil livre de misoginia. Isso começa pelo reconhecimento do gênero como um elemento fundamental deste caso.
Nesse sentido, a ONU Mulheres e o ACNUDH instam as autoridades a observar as Diretrizes Nacionais sobre Feminicídio para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de Mulheres e a adotar medidas urgentes para garantir a proteção das mulheres contra todas as formas de violência e discriminação, incluindo ações que atendam às necessidades de migrantes e refugiadas, em linha com os compromissos internacionais de direitos humanos assumidos pelo país.
Estendemos a nossa solidariedade à família de Julieta e a todas as pessoas tocadas por sua arte.