Em encontro do BRICS, ONU Mulheres destaca financiamento com perspectiva de gênero para ação climática

24.04.2025

A Representante Interina de ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, participou nesta quinta-feira (24) da Reunião Ministerial de Mulheres do BRICS. Liderado pelo Ministério das Mulheres do Brasil e sediado no Palácio Itamaraty, em Brasília, o encontro hospedou debates sobre a agenda de igualdade de gênero, desenvolvimento econômico e inovação sustentável.

O evento contou com a participação de ministras do Governo Brasileiro, além de representantes de Estados-membros do bloco (Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã), organizações internacionais e representantes da sociedade civil. A agenda foi composta por três painéis temáticos, com as pautas “Mulheres, Desenvolvimento e Empreendedorismo”, “Governança Digital: Misoginia e Desinformação” e “Empoderamento das mulheres, ação climática e desenvolvimento sustentável”.

Em discurso no painel sobre justiça climática, a representante interina de ONU Mulheres contextualizou o impacto desproporcional das mudanças climáticas sobre as mulheres e em razão de raça e etnia, além do impacto sobre os países do sul global. “Se esses países e essas populações são as mais afetadas, elas precisam ser parte da solução. É fundamental ter a presença de mulheres em espaços de liderança, tanto para pensar as ações de mitigação quanto orientar os gabinetes de crise”, afirmou Ana Carolina Querino. Ela citou como exemplo os momentos de crise provocados pelos desastres climáticos, em que as pessoas são acolhidas em abrigos. Nesses cenários, é necessário garantir protocolos de enfrentamento à violência, além de promover políticas emergenciais de cuidados e acesso à renda. Querino destacou ainda a centralidade do financiamento com perspectiva de gênero para garantir a implementação dessas políticas.

Referências Temáticas

Em 2024, ONU Mulheres Brasil apoiou o Ministério das Mulheres no desenvolvimento das Diretrizes de Proteção às Mulheres e Meninas em Emergências Climáticas. O documento explora ações de resgate e salvamento, encaminhamento para serviços de saúde e assistência social, além do atendimento a mulheres e meninas em situação de violência, sempre destacando a centralidade dos enfoques de gênero e suas interseccionalidades.

Além disso, no contexto do Dia Internacional da Mulher em 2025, ONU Mulheres publicou um relatório global intitulado “Revisão sobre os Direitos das Mulheres 30 anos depois de Pequim”, colocando em perspectiva os avanços e retrocessos desde a assinatura da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, em 1995. O relatório indica que, nos piores cenários climáticos, mais de 236 milhões de meninas e mulheres podem ser levadas à situação de insegurança alimentar até 2050. Atualmente, as mulheres lideram apenas 28% dos Ministérios do Meio Ambiente em todo o mundo.