Na Escola de Energia, ONU Mulheres destaca a transversalidade entre transição energética e perspectiva de gênero
28.11.2024
A Representante Interina de ONU Mulheres, Ana Carolina Querino, participou nesta quinta-feira (28) da abertura do Fórum de Transição Energética Justa, promovido pela Escola de Energia com o apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica. No debate sobre a transição energética inclusiva e sustentável, ONU Mulheres destacou a transversalidade do ODS 7, “Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos”, e do ODS 5, “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.
Ana Carolina Querino destacou a importância de iniciativas como esta formação para conectar os trabalhos de ONU Mulheres com os parceiros da área de educação e transição energética. Ela também reforçou que o setor energético e as carreiras de STEM são tradicionalmente têm baixa participação de mulheres.
“Quando a gente pensa nas grandes discussões globais, na pegada de carbono, por exemplo, os temas acabam sendo muito etéreos e as grandes discussões acabam se desconectando do nosso dia a dia. Assuntos como o acesso à energia estão diretamente ligados ao nosso cotidiano. Nossas vidas param quando nao temos acesso à energia limpa ou mesmo aos meios pra cozinhar, por exemplo. Ter mulheres em sua diversidade produzindo as novas tecnologias e também pensando em como essas políticas vão ser desenhadas é um primeiro fator central. Com isso, você tem diferentes olhares e necessidades sendo trazidos para este contexto”, afirmou a Representante Interina.
A transição energética para um futuro sustentável tem perspectiva de gênero. A edição mais recente de ***Progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: O Panorama de Gênero 2024*** aponta que a eletrificação aumenta a empregabilidade das mulheres em vagas fora de casa entre 9 e 23 pontos percentuais. Além disso, o acesso universal a uma culinária limpa pode economizar até 40 horas semanais, em média, para mulheres em todo o mundo. As disparidades no acesso à energia impactam as mulheres e meninas de maneira desproporcional enquanto principais usuárias e provedoras de energia para os lares. Em 2019, 1,5 milhões de mulheres e meninas morreram de maneira prematura pela exposição à poluição do ar em suas casas, principalmente com relação aos combustíveis usados nas cozinhas. Esta foi a terceira maior causa de mortalidade feminina no período.
Além disso, a transição energética é uma das seis transições-chave destacadas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, como parte de uma aceleração dos esforços globais rumo ao desenvolvimento sustentável e ação climáticas, inclusive na Agenda Comum das Nações Unidas. Isso inclui a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, a ampliação de energias limpas e a garantia de acesso à energia para todas as pessoas.
A perspectiva de gênero na transição energética foi tema central na agenda do Grupo de Trabalho de Transição Energética do G20, no escopo da presidência brasileira, e da COP 29. Na Conferência das Partes, países ressaltaram a importância de integrar transversalidades de gênero em todos os aspectos das estratégias e ações climáticas, incluindo as disparidades de gênero na tomada de decisões e como promover finanças climáticas sensíveis a gênero.