Relatório da ONU demanda ação global imediata para acabar com desigualdades de gênero
17.09.2024
Investir em mulheres e meninas e acabar com a discriminação são fundamentais para cumprir a promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
A edição mais recente de Progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: O Panorama de Gênero 2024, lançada hoje pela ONU Mulheres e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, revela que foram feitos avanços em todo o mundo em relação à igualdade de gênero e ao empoderamento de mulheres e meninas.
As mulheres ocupam uma em cada quatro cadeiras parlamentares, um aumento significativo em comparação com uma década atrás.
A parcela de mulheres e meninas vivendo em extrema pobreza finalmente caiu para menos de 10%, após grandes aumentos durante os anos da pandemia de COVID-19.
Cerca de 56 reformas legais foram implementadas em todo o mundo visando acabar com desigualdades de gênero desde o primeiro Panorama de Gênero.
No entanto, os dados apresentados no relatório mostram que nenhum dos indicadores e subindicadores do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (o ODS para a igualdade de gênero) está sendo alcançado. No ritmo atual, a paridade de gênero nos parlamentos permanece um sonho distante, possivelmente não alcançável até 2063. Ainda levará impressionantes 137 anos para tirar todas as mulheres e meninas da pobreza. E cerca de 1 em cada 4 meninas continua se casando ainda na infância.
Os líderes mundiais se preparam para a Cúpula do Futuro, entre 22 e 23 de setembro. Neste contexto, ressalta-se a urgência de forjar um novo consenso internacional para reduzir as discrepâncias, alcançar a igualdade de gênero, promover o empoderamento e os direitos de todas as mulheres e meninas – uma meta distante, mas alcançável.
“O relatório de hoje revela uma verdade inegável: o progresso é possível, mas não rápido o suficiente”, disse Sima Bahous, Diretora Executiva da ONU Mulheres.
“Precisamos continuar avançando em direção à igualdade de gênero para cumprir o compromisso assumido pelos líderes mundiais na Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher realizada em Pequim há quase 30 anos e na Agenda 2030. Vamos nos unir para continuar derrubando as barreiras enfrentadas por mulheres e meninas e forjar um futuro em que a igualdade de gênero não seja apenas uma aspiração, mas uma realidade.”
O relatório destaca o custo impressionante da desigualdade de gênero. Por exemplo, o custo anual global dos países que não educam adequadamente suas populações jovens ultrapassa 10 trilhões de dólares. Países de baixa e média renda podem perder outros 500 bilhões de dólares nos próximos cinco anos por não diminuirem as discrepâncias digitais de gênero.
“Os custos da inércia em relação à igualdade de gênero são imensos, e os benefícios de alcançá-la são grandes demais para serem ignorados. Só conseguiremos alcançar a Agenda 2030 com a participação plena e igualitária de mulheres e meninas em todas as partes da sociedade”, afirmou Li Junhua, Subsecretário-Geral das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais.
O relatório inclui um conjunto de recomendações para eliminar a desigualdade de gênero em todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como a reforma legal, destacando que países com legislação sobre violência doméstica têm taxas mais baixas de violência por parceiro íntimo – 9,5% em comparação com 16,1% em países sem essa legislação.
O relatório pede ação decisiva na Cúpula do Futuro, que ocorrerá nos dias 22-23 de setembro, e no 30º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim em 2025; para aumentar os investimentos e acabar com a discriminação contra mulheres e meninas; e para cumprir a promessa da Agenda 2030.