Em Roraima, capacitações promovem informação e apoio mútuo entre venezuelanas e brasileiras
01.06.2023
Parceria entre ONU Mulheres e Casa da Mulher Brasileira ofereceu cursos de empreendedorismo, cuidados com pessoas idosas e cuidados com crianças
Oferecer formação, apresentar ferramentas para o empoderamento econômico, quebrar ciclos de violência e promover a convivência e a cooperação entre mulheres brasileiras e venezuelanas. Esses foram os principais resultados de cursos promovidos durante os meses de abril e maio em Boa Vista (RR), por meio de parceria entre a ONU Mulheres e a Casa da Mulher Brasileira.
No total, 30 mulheres foram alcançadas por três cursos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) – Cuidados básicos com pessoas idosas, Técnicas no cuidado infantil, e Empreendedorismo. A parceria levou a oportunidade de formação tanto a refugiadas e migrantes vindas da Venezuela quanto a brasileiras que, em algum momento, tiveram contato com a Casa da Mulher Brasileira em situações de enfrentamento da violência.
“Com esse apoio, conseguimos trabalhar junto com a ONU Mulheres pelo bem-estar de várias mulheres. Ações assim dão certo e beneficiam muitas mulheres, inclusive sobreviventes de violência”, destacou a coordenadora estadual de Políticas Públicas para as Mulheres e diretora da Casa da Mulher Brasileira, Graça Policarpo, durante cerimônia de entrega de certificados do curso de Empreendedorismo no último dia 17 de maio.
Conhecimento e autonomia financeira – Para além de opções de fonte de renda, os cursos trabalharam pontos essenciais para as mulheres, como resiliência, autoconfiança e empoderamento.
Há 10 anos, a brasileira Lauraci trabalha com a produção e venda de alimentos – e é desse comércio que ela tira grande parte do orçamento familiar. Para ela, o curso de Empreendedorismo ofereceu mais que conhecimentos técnicos para o sucesso do negócio próprio. “Durante as aulas, eu aprimorei meus pontos fortes e descobri quais eram os prontos fracos. Eu fiquei muito feliz porque muita coisa eu já fazia do jeito certo. No curso, o que me surpreendeu é que trabalhamos a nossa autoestima e os desafios que enfrentamos ao empreender”, conta.
A venezuelana Linda também recebeu certificado do curso de Empreendedorismo. Agora, ela planeja colocar os aprendizados em prática. “Adquiri uma experiência pessoal de que podemos sempre mais. Somos capazes de pensar, criar, apresentar o nosso produto. Somos mulheres fortes”, ressaltou.
Os cursos oferecidos junto à Casa da Mulher Brasileira fazem parte de um conjunto de ações proporcionadas pela ONU Mulheres por meio do programa Moverse. Segundo Mariana Cursino, especialista em Transversalização de Gênero na ONU Mulheres, os cursos voltados para o empoderamento econômico, além de melhorar a qualidade de vida das mulheres beneficiadas, levam à quebra dos ciclos de violência.
“ONU Mulheres trabalha para que todas as pessoas sejam autonômas e vivam livres de quaisquer formas de violência. O investimento em capacitações profissionais compreende diferentes estratégias, inclusive de contribuir para que as mulheres tenham mais acesso a oportunidades de geração de renda, trabalhos decentes e de ampliar o alcance de suas redes de proteção”, ressalta.
Sobre o Moverse – Iniciado em setembro de 2021, o programa conjunto MOVERSE – Empoderamento Econômico de Mulheres Refugiadas e Migrantes no Brasil é implementado por ONU Mulheres, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com o apoio do Governo de Luxemburgo. O objetivo geral do programa, com duração até dezembro de 2023, é garantir que políticas e estratégias de governos, empresas e instituições públicas e privadas fortaleçam os direitos econômicos e as oportunidades de desenvolvimento entre venezuelanas refugiadas e migrantes. Para alcançar esse objetivo, a iniciativa é construída em três frentes. A primeira trabalha diretamente com empresas, instituições e governos nos temas e ações ligadas a trabalho decente, proteção social e empreendedorismo. A segunda aborda diretamente mulheres refugiadas e migrantes, para que tenham acesso a capacitações e a oportunidades para participar de processos de tomada de decisões ligadas ao mercado laboral e ao empreendedorismo. E a terceira frente trabalha também com refugiadas e migrantes, para que tenham conhecimento e acesso a serviços de resposta à violência baseada no gênero.
Para receber mais informações sobre o Moverse e sobre a pauta da migração e refúgio de mulheres no Brasil, cadastre-se na newsletter do programa em http://eepurl.com/hWgjiL