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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Capacitando as mulheres, protegendo a terra



05.06.2023


A crise climática não é neutra em termos de gênero.   

À medida que seus impactos se agravam, as mulheres e as meninas sofrem danos únicos e desproporcionais, com consequências que ampliam as desigualdades de gênero já existentes.  

Em geral, as mulheres são mais dependentes dos recursos naturais e desproporcionalmente responsáveis pela garantia de alimentos, água e combustível, o que as torna altamente vulneráveis aos desequilíbrios ambientais. São elas, ainda, que enfrentam maior exposição à violência de gênero após conflitos e instabilidades exacerbados pela mudança climática, e têm menor probabilidade de sobreviver a desastres. Ao mesmo tempo, seu acesso aos recursos que salvam vidas e aos principais espaços de tomada de decisão continua sendo extremamente limitado.   

No entanto, as mulheres continuam na vanguarda da luta contra as mudanças climáticas, liderando os esforços de prevenção, mitigação e adaptação em todo o mundo. Pesquisas indicam que a representação das mulheres nos parlamentos nacionais leva à adoção de políticas climáticas mais rigorosas, resultando em menos emissões. Sua liderança no local de trabalho está associada a uma maior transparência em relação ao impacto climático. E sua participação na gestão de recursos naturais locais está ligada a uma melhor governança de recursos e resultados de conservação.   

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, destacamos as conexões cruciais entre sustentabilidade e igualdade de gênero em políticas e agricultura. As história abaixo mostram como o empoderamento das mulheres pode ajudar a proteger o meio ambiente. 

Medidas no Brasil para acabar com as mudanças climáticas, alcançar a igualdade de gênero e garantir um futuro sustentável 

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A professora e pesquisadora Geovânia Machado Aires trabalha para educar sua comunidade sobre sustentabilidade e políticas públicas. Crédito: ONU Mulheres/Rossana Fraga

A professora e pesquisadora brasileira Geovânia Machado Aires, 35 anos, vive no quilombo do Bairro Novo, localizado no município de Penalva, no Maranhão. Ela pertence às mulheres quilombolas, tradicionais coletoras e beneficiadoras de coco babaçu, e herdou um legado no qual as mulheres são protagonistas ativas na preservação do meio ambiente e na conquista de um futuro sustentável.    

Geovânia tem se dedicado a ensinar à comunidade que nada é desperdiçado na palmeira do babaçu; pelo contrário, tudo é aproveitado e transformado por meio do conhecimento tradicional, passado de geração em geração. As folhas podem ser usadas para fazer telhados, cestos e objetos de decoração. Os cosméticos são produzidos a partir do óleo, que também pode ser usado para cozinhar. O óleo e a casca são fontes de combustível. A venda desses produtos é uma fonte de renda essencial para as comunidades quilombolas brasileiras.    

As mudanças climáticas vêm afetando as comunidades tradicionais há muitos anos, destaca Geovânia, provocando desmatamento e incêndios e aumentando a luta pelos recursos naturais: “O impacto é palpável em todos os cantos das zonas de proteção ambiental, e quem sofre são os moradores de base, que lutam para sobreviver.” Na vanguarda da luta contra as mudanças climáticas e a devastação ambiental, as mulheres quilombolas estão lutando para defender os territórios tradicionais, preservar os ecossistemas e proteger seu acesso às árvores de babaçu.  

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Crédito: Geovania Machado Aires

Hoje, Geovânia está trabalhando para promover mudanças em nível político, fazendo parceria com o projeto “Direitos Humanos das Mulheres Indígenas e Quilombolas: Uma Questão de Governança”, desenvolvido pela ONU Mulheres com financiamento da Embaixada da Noruega. A iniciativa está sendo desenvolvida nos estados do Maranhão e do Pará para colocar os direitos humanos das mulheres indígenas e quilombolas no centro da gestão governamental por meio do desenvolvimento de políticas que atendam às suas necessidades e garantam a melhoria contínua de suas condições econômicas e sociais.     

Depois de participar de um treinamento em políticas públicas como parte do projeto, Geovânia tem compartilhado novos conhecimentos e ferramentas com sua comunidade. Por meio de reuniões que organizou ao lado de sua mãe, a líder comunitária Nice Aires, ela alcançou cerca de 2 mil mulheres de Penalva. “Ainda temos desafios persistentes para que nossos direitos sejam garantidos e espaços de diálogo sejam abertos”, diz Geovânia. “Todos os dias, aplico os valores de empoderamento que adquiri no curso, especialmente o reconhecimento de direitos e responsabilidades.” 

Clique aqui para saber mais sobre a história de Geovânia.