Setor privado e empresas públicas fazem intercâmbio sobre igualdade de gênero nos negócios durante o Fórum WEPs 2018
05.09.2018
Setenta especialistas apresentaram experiências na América Latina e Caribe e União Europeia. Durante o encontro, duas novas empresas brasileiras – Lee Hecht Harrison Brasil e Sodexo Benefícios e Incentivos – anunciaram adesão aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs), aumentando para 174 a quantidade de corporações engajadas no país. No mundo, WEPs conta com quase 2 mil empresas signatárias
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Cerca de 550 lideranças empresariais dos setores privado e público e autoridades de 14 países participaram do Fórum WEPs 2018: Um diálogo entre países da América Latina e Caribe e a União Europeia, que aconteceu em São Paulo em 29 e 30 de agosto. O encontro promoveu a troca de experiências entre iniciativas de corporações e exemplos de políticas públicas em favor do empoderamento econômico das mulheres.
Além da conexão entre empresas e do incentivo de intercâmbio entre países, o Fórum WEPs 2018 propiciou o lançamento do Programa Regional Ganha-Ganha: Igualdade de gênero significa bons negócios, realizado pela ONU Mulheres, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a União Europeia em seis países da América Latina e Caribe: Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Jamaica e Uruguai.
Outro destaque do Fórum WEPs 2018, organizado pelas três instituições, com apoio da Rede Brasil do Pacto Global da ONU e o Movimento Mulher 360, foi a adesão de mais duas empresas aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês): a Lee Hecht Harrison Brasil e a Sodexo Benefícios e Incentivos, passando para 174 a quantidade de empresas signatárias aos WEPs no país, mantendo-o em terceiro lugar no ranking. Propostos pela ONU Mulheres e pelo Pacto Global da ONU, os WEPs são sete princípios que têm se tornado referência para que as empresas implementem ações para a promoção da igualdade de gênero no local de trabalho, no mercado e na comunidade. Globalmente, são quase 2 mil empresas signatárias.
Agenda da igualdade de gênero – O Fórum WEPs reuniu, ainda, autoridades de alto nível e compromisso com os direitos das mulheres. Estiveram presentes: a vice-presidenta e chanceler do Panamá, Isabel de Saint Malo Alvarado, que também é embaixadora da Coalizão Internacional pela Igualdade Salarial – iniciativa da ONU Mulheres, a OIT e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – e a ministra das Mulheres e da Igualdade de Gênero do Chile, Isabel Plá.
Os desafios da América Latina e Caribe em fechar as lacunas de gênero e promover a igualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho foram acentuados por representantes das três instituições implementadoras do Programa Regional Ganha-Ganha: Igualdade de gênero significa bons negócios: Luiza Carvalho; diretora Regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe; João Gomes Cravinho, embaixador da Delegação da União Europeia no Brasil; Martin Hahn, diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, e Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil. Além disso, quatro empresas levaram os seus presidentes e as suas presidentas: Santander Brasil, Sodexo Latam, Sabin Medicina Diagnóstica e Unilever Brasil, que reforçaram o empenho público com o empoderamento econômico das mulheres
Uma das porta-vozes desses esforços foi Lídia Abdalla, CEO da Sabin Medicina Diagnóstica, para quem é preciso transformar a cultura institucional, impactar suas cadeias de fornecimento e estimular mudanças no entorno da empresa. Para Abdalla, esta “força-tarefa”, que compreende a comunicação clara, a formalização de acordos e a estipulação de metas, “nem sempre é fácil. Traz desafios de gestão e administração, mas também uma grande riqueza para os negócios”, pontuou. Convidado para dividir os compromissos do Santander Brasil, o CEO Sergio Rial chamou atenção para a tendência à conformidade e à acomodação do mundo corporativo. “As empresas têm que ter flexibilidade e diálogo”, disse, referindo-se a uma abertura para os novos tempos.
Em seu discurso, a vice-presidenta e chanceler do Panamá, Isabel de Saint Malo de Alvarado, destacou que as diferenças salariais entre homens e mulheres ficam mais acentuadas nas áreas urbanas de países ricos, onde há uma grande quantidade de mulheres no trabalho informal e em jornada parcial. Ela também reforçou a necessidade da união de esforços entre governos, empresas e sociedade pela equidade de gênero. “É inaceitável que hoje, depois de tantos anos de civilização e sociedade, ainda existam diferenças entre homens e mulheres. O êxito na agenda de equidade é uma responsabilidade compartilhada”, afirmou.
Inclusão das mulheres é um excelente negócio – Durante o ato de lançamento do Programa Regional Ganha-Ganha: Igualdade de gênero é um bom negócio, a diretora Regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, assinalou a responsabilidade das empresas para acelerar o empoderamento econômico das mulheres. “Elas podem promover muitas ações, sejam por meio da mudança de sua cultura corporativa, da eliminação de práticas discriminatórias, da promoção de políticas ativas de incorporação e ascensão de mulheres em seus quadros”, disse.
“Não temos possibilidade de realizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se não for liberado o potencial das mulheres. Com este projeto nós queremos ajudar a criar condições para que as mulheres empresárias da Europa e de países latino-americanos e caribenhos possam trabalhar juntas. Isso é bom para todos, e por isso falamos do grande potencial do Ganha-Ganha”.
Gênero na estratégia de negócios – Juntos, os seis países envolvidos no programa Ganha-Ganha reúnem quase 250 empresas signatárias dos WEPs. Com quase 70% do total, o Brasil marca presença principalmente nos setores elétrico, bancário e financeiro, tecnologia, suprimentos, saúde, alimentação, mídia e têxtil. Com o programa Ganha-Ganha, a meta é ampliar consideravelmente o número de empresas signatárias, trazendo a questão de gênero para o centro da estratégia de negócios.
O diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Martin Hahn, lembrou que mais de 90% dos empregos no mundo estão no setor privado. “O poder de transformação das empresas é enorme e muito estratégico para os negócios. Percebemos que existe uma relação direta e muito clara na melhora de resultados das companhias que implementaram programas que promovem a igualdade de gênero. Mais diversidade gera criatividade e melhoria nos produtos”, observou.
Privilégios e questão racial – Atributos de inclusão e enfrentamento das desigualdades na economia são a tônica de mudanças para o empoderamento das mulheres que envolvem os setores público e privado, entre elas a que estão na base da pirâmide econômica e em desvantagem das oportunidades de trabalho formal e melhor remuneração. Alguns desses pontos foram abordados por Isabel Plá, ministra das Mulheres e Igualdade de Gênero do Chile. Ela mostrou-se confiante de que a igualdade de gênero logo se converterá em competitividade de mercado e, depois, em lugar comum. A ministra chilena questionou um conceito recorrente no mundo empresarial: o da meritocracia. “Na América Latina, o talento, o mérito e o esforço para as mulheres não são suficientes. Hoje, só 7% de nós estão em cargos de direção na política do Chile”, afirmou. Em maio, Isabel Plá lançou em Santiago o “Agenda Mujer”, programa com 22 medidas que buscam alcançar a igualdade de direitos e deveres para homens e mulheres, entre elas a promoção de uma maior participação das mulheres em cargos de alta responsabilidade.
Abordagem semelhante foi a Cida Bento, coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). Para um público predominante branco, ela fez constatações e indagações. “Quando olho para esta sala, quase esqueço da realidade do Brasil. Desafio as minhas colegas: como podemos trazer a agenda da equidade com mais presenças nesses momentos, para que comporte mulheres negras, indígenas, quilombolas? Brasileiras somos todas nós. A realidade das empresas está mudando – mas para quem?”, disse.
Liderança e diferenças salariais – Durante o Fórum WEPs 2018, também foi apresentada pesquisa inédita realizada pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Aliança para o Empoderamento da Mulher – que tem o apoio da ONU Mulheres – sobre diferença salarial. Os dados apontam que ainda existe uma grande diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho, que aumenta consideravelmente à medida que os cargos vão se tornando mais altos. Segundo o estudo, enquanto 54% dos postos de coordenação são ocupados por mulheres, apenas 31% delas ocupam posições de diretoria nas empresas. Esse número cai para 26% em cargos de presidência e vice-presidência.
Dentre os diversos painéis do Fórum WEPs, foram expostas as seguintes temáticas: engajamento dos homens na igualdade de gênero, papel das empresas para o fim da violência contra as mulheres, mecanismos de compras sensíveis ao gênero, estereótipos na publicidade e a inclusão das mulheres com deficiência e da comunidade LGBTI+, entre outros.
Conheça os WEPs
Os sete Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) são:
1. Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero;
2. Tratar mulheres e homens de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação;
3. Garantir saúde, segurança e bem-estar das trabalhadoras e trabalhadores;
4. Promover a educação, a capacitação e o desenvolvimento profissional das mulheres;
5. Apoiar o empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de fornecedores e de comunicação e marketing;
6. Promover a igualdade por meio de iniciativas voltadas às comunidades e do engajamento social;
7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.
Informações para imprensa:
Luiz Fernando Campos
Assessor de Comunicação
Programa Regional Ganha-Ganha: Igualdade de gênero significa bons negócios
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