• Português

A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

ONU Mulheres, Sesi, Sesc e Operação Acolhida levam cultura, educação e qualificação profissional a venezuelanas e brasileiras em Roraima



02.09.2019


Abertura da exibição ‘Percepções’, do artista piauiense Gabriel Archanjo, contou com roda de conversa e a presença de mulheres venezuelanas e brasileiras

ONU Mulheres, Sesi, Sesc e Operação Acolhida levam cultura, educação e qualificação profissional a venezuelanas e brasileiras em Roraima/

Doryit Starlin Toledo, de 41 anos, chegou ao Brasil em junho de 2018. Ela vive no abrigo Rondon I, em Boa Vista (RR), onde teve a iniciativa de criar um grupo de apoio às mulheres

Colaborar para a integração de mulheres migrantes, solicitantes de refúgio e refugiadas venezuelanas e brasileiras é um dos trabalhos desenvolvidos pela ONU Mulheres Brasil em Roraima. Numa operação em que as parcerias são determinantes para colocar as mulheres no centro dos debates e das ações para a continuidade e/ou reconstrução de suas vidas no Brasil, as estratégias englobam de participação política a empoderamento econômico, de cultura ao empoderamento das mulheres.

Um desses momentos foi proporcionado pelo projeto Amazônia das Artes por meio da exposição Percepções, do artista plástico e publicitário piauiense Gabriel Archanjo, viabilizada pelo Sesc Roraima em parceria com a Operação Acolhida e a ONU Mulheres. Mais de 20 mulheres migrantes e refugiadas dos abrigos Rondon I e São Vicente, convidadas pela ONU Mulheres, e mulheres trans do abrigo Latife Salomão, convidadas pelo Exército, conferiram, em julho, a abertura da exposição no Sesc Roraima em Boa Vista. Cerca de 50 pessoas prestigiaram o evento. Para muitas venezuelanas, foi o primeiro contato com a cultura brasileira.

“O que chamou mais atenção no bate-papo e muito impressionou as venezuelanas foi o quanto a população negra ainda sofre racismo no Brasil e como isso não ocorre no país de origem delas”, comentou Tamara Jurberg, da ONU Mulheres, que participou da roda de conversa sobre migração e etnicidade, com a participação da migrante venezuelana Genova Alvarado e do artista plástico Archanjo.

Modos de vida diferentes são compreendidos na convivência assim como medidas de integração precisam ser desenvolvidas no dia a dia. A venezuelana Doryit Starlin, que vive há um ano no Brasil, acredita que rodas de conversa proporcionam amparo às mulheres migrantes, duplamente vulneráveis pela situação em que vivem. “É importante que a gente dê as mãos e que estejamos juntas. É um trabalho de formiga, mas conhecimento é poder e isso faz uma grande diferença”, disse Doryit.

A venezuelana saiu do abrigo Rondon I para prestigiar, pela primeira vez desde que chegou ao Brasil, uma exposição, que a ajudou a despertar compreensão e consciência dos dramas humanos locais: “Conseguimos nos identificar como humanos, não só pela cor de pele ou pela nacionalidade, como brasileiros ou venezuelanos, mas com uma história de sofrimento dos povos e das massas: temos muito mais em comum do que a gente pensa”, completou.

O papel da mulher também foi um dos temas abordados na inauguração da exposição, visto que as venezuelanas em situação de migração e refúgio se encontram mais vulneráveis do que os homens. Isso ocorre porque as venezuelanas ainda são em grande parte responsáveis pelo papel de cuidado da casa, dos filhos e das filhas, da saúde e da família, o que se torna obstáculo para procurarem trabalho quando chegam ao Brasil.

Além da exposição, esse debate foi levado para os abrigos em que a ONU Mulheres faz rodas de conversa sobre o fluxo migratório venezuelano no Brasil e as diferenças no senso entre homens e mulheres durante esse processo. Nessas ocasiões, espaços seguros entre mulheres migrantes possibilitam que elas exponham vivências, tais como discriminação no Brasil, superando obstáculos como vergonha ou medo de falar. Os espaços permitem um passo além, no caminho do empoderamento das mulheres, pois podem identificar como a resposta humantária melhor se adequa a suas necessidades e demandas.

Arte, cultura e qualificação profissional – As expressões artístico-culturais têm proporcionado debates e integração para venezuelanas e brasileiras em atividades promovidas pelo Sesc, Operação Acolhida e ONU Mulheres. Em julho, a peça Aquelas, apresentada pela companhia Manada Teatro, retratou feminicídios a partir da história da cearense Maria de Bil, assassinada em 1926, ícone local da devoção popular no seu estado de origem.

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) é outra parceria importante para a resposta humanitária da ONU Mulheres a venezuelanas e brasileiras. Curso de extensão sobre Ateliê Mulheres em Movimento, que se iniciará entre setembro e dezembro, 25 mulheres venezuelanas e brasileiras, colaborará para a formação e o aperfeiçoamento das mulheres e a sua integração.

Em setembro e outubro, SESI, ONU Mulheres e parcerias promoverão oficinas do projeto Cozinha Brasil para grupos de venezuelanas e brasileiras, destinada ao aproveitamento alimentar e cuidados nutricionais. Novas turmas serão atendidas por formação que vem acontecendo desde o início deste ano.

Essas iniciativas visam o desenvolvimento da sociedade como um todo. “A gente percebe que, infelizmente, há um crescente processo de discriminação e xenofobia. Assim, é preciso trabalhar não apenas com migrantes e refugiadas, mas com toda a população local para facilitar o processo de inclusão dessas mulheres nessa comunidade ou em qualquer outro lugar que elas forem aqui no Brasil”, concluiu Tamara Jurberg.

Desenvolvimento sustentável – As parcerias estabelecidas pela ONU Mulheres buscam alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 5, para a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, o ODS nº 10, para reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles, e o ODS nº 16, para a promoção de sociedades pacíficas e inclusivas e o acesso à justiça.