ONU Mulheres e UNFPA promovem debate com a sociedade civil sobre direitos humanos das mulheres
20.08.2018
Empoderamento político das mulheres e direitos sexuais e direitos reprodutivos são tema de avaliação de grupo composto pela sociedade civil e pelas Nações Unidas

Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, salientou o diálogo com a sociedade civil para defender e fazer avançar a agenda de direitos humanos das mulheres. Ao lado de Gasman, Jaime Nadal, representante do UNFPA Brasil, inaugura o encontro
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin
Entidades da sociedade civil, especialistas e ativistas em favor dos direitos humanos das mulheres estiveram reunidas, na Casa da ONU, em Brasília, com as equipes da ONU Mulheres Brasil e do UNFPA Brasil. A Sala de Situação, Ação e Articulação sobre Direitos das Mulheres debateu a realidade das mulheres brasileiras, incluindo a análise dos direitos sexuais e reprodutivos, na última semana (14/8).
Ao saudar o grupo, Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, registrou a motivação de criação do grupo, no ano de 2016, durante a epidemia do vírus zika e da insuficiência de respostas às questões das mulheres no contexto da crise sanitária. Em maio de 2017, o Ministério da Saúde declarou o fim do status de emergência nacional para síndrome congênita da zika após 18 meses do aparecimento da epidemia. Naquele ano foram registrados 7.911 casos de zika em todo o país, uma redução de 95,3% em relação a 2016, quando ocorreram 170.535 notificações.
“É importante manter o protagonismo das organizações de mulheres para os temas que vão além da epidemia, como os direitos humanos das mulheres e os direitos sexuais e reprodutivos”, disse Nadine Gasman. Para a representante da ONU Mulheres Brasil, as eleições 2018 trazem questões importantes para candidatas e candidatos sobre como “se fala sobre as necessidades e a centralidade das mulheres, incluídos os direitos sexuais e reprodutivos, pois terá um impacto enorme nos próximos quatro anos do país”.

Sala de Situação, Ação e Articulação sobre Direitos das Mulheres é integrada por diferentes expressões do movimento de mulheres e feministas
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin
Agenda 2030 no Brasil – Gasman ressaltou que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada pelos Estados-membros da ONU, é muito importante para “fazer avançar a agenda das mulheres. No país, a ONU Mulheres está propondo um #Brasil5050 para garantir a representatividade e a agenda de direitos das mulheres”. Nadine mencionou o Marco Normativo de Democracia Paritária, que tem como propósito “construir a igualdade substantiva, a forma de organizar a sociedade para garantir orçamentos com a perspectiva de gênero, participação em todos os âmbitos do Estado”.
Sobre o cenário nacional, a representante da ONU Mulheres Brasil citou a aprovação de 30% de destinação do Fundo Eleitoral para as candidaturas de mulheres como uma janela de oportunidade. “Os partidos políticos têm obrigatoriedade de alocar 30% dos recursos para a candidatura das mulheres. Mas não é somente investir, é preciso falar de mulheres eleitas, porque só há 10% de mulheres no Congresso e 10% nos municípios”, acrescentou.
Gasman recuperou dados da pesquisa Ibope/ONU Mulheres, de 2017, de que 8 em cada 10 brasileiras e brasileiros querem cidades com igualdade de gênero. “A sociedade quer uma mudança. Este diálogo entre organizações da sociedade civil tem muito a aportar neste momento”, lembrando que estão “muito claras as desigualdades que atingem as mulheres, mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres lésbicas, trans, mulheres jovens no país”.

Ativistas avaliam cenário para os direitos humanos das mulheres no Brasil
Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin
Revitalização da sociedade civil – Para Jaime Nadal, representante do UNFPA Brasil, a Sala de Situação, criada no contexto da epidemia do vírus zika, deixou um “legado positivo em termos de espaços de interlocução e diálogo”. Recém-chegado da Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento, ocorrida no início do mês no Peru, Nadal atribuiu à sociedade civil um processo de “revitalização dos movimentos sociais na América Latina”.
Segundo Nadal, há um novo momento histórico em escala global e espaços, como a Sala de Situação, “permitem que exista melhor coordenação e realinhamento entre o posicionamento da sociedade civil e como a ONU pode colaborar”. Sobre os direitos sexuais e reprodutivos, o representante do UNFPA considerou que há “uma ressignificação e reposicionamento sob a liderança da sociedade civil” em prol dos direitos das mulheres.