ONU Mulheres e Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos discutem eleições e participação política
11.03.2018
Encontro teve a participação das embaixadas do Reino Unido e da Suécia, Ibope e Instituto Patrícia Galvão para avaliar expectativas da sociedade brasileira de igualdade de gênero nas cidades, tendências para eleições 2018 e obstáculos do sistema eleitoral à participação política das mulheres
Confira: dados da pesquisa Ibope/ONU Mulheres | álbum digital Facebook
“Os gestores públicos não estão em sintonia com a população. São necessárias estratégias consistentes e confiáveis para reverter a falta de credibilidade da população com a política”, disse Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, durante a apresentação da pesquisa Ibope/ONU Mulheres 2017 para o Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos. O encontro ocorreu em Brasília, na terça-feira (6/3), como parte das ações da ONU Mulheres alusivas ao Dia Internacional das Mulheres, com participação das embaixadas do Reino Unido e da Suécia e do Instituto Patrícia Galvão, Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados e Procuradoria da Mulher no Senado Federal.
Cavallari disse que os dados coletados há um ano continuam atuais acerca das percepções da população sobre as ações prioritárias para garantir igualdade de gênero nas cidades. De acordo com os resultados da pesquisa Ibope/ONU Mulheres, educação e saúde são as áres de maiores preocupações e focos de desconfiança das mulheres. Elas também estão mais céticas com possibilidade de melhorias em todas as áreas investigadas: políticas de igualdade entre homens e mulheres, transporte público, segurança pública, participação popular, saúde e educação. Mais expectativa de mudanças em todas as áreas evidencia maior pressão da população negra por melhoria dos serviços e políticas.
Márcia considerou que “as eleições 2018 terão emoção até o último minuto”, lembrando que as mulheres cada vez mais definem o resultado. “É a mulher que trabalha, que mora na periferia, tem filho, chega em casa e tem que cuidar do filho e da casa e não tem tempo para a política. Ela tem que fazer tudo. Elas têm o poder do voto. E vai ser no final”. Em 2014, 34% da população brasileira decidiu nos últimos dias.
Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, frisou o caráter estratégico do ano de 2018 para que sejam avaliados os obstáculos que impedem as mulheres de chegarem ao poder pela via eleitoral e sejam definidas estratégias de mudança. “O foco precisa estar na eleição de mulheres: o que os partidos vão fazer para que mais mulheres sejam eleitas?”, perguntou ao Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos. E acrescentou: “É necessário compromisso suprapartidário e intersetorial, com vontade política e recursos apropriados que garantam que mulheres e homens em sua diversidade tenham as mesmas oportunidades e condições de igualdade nos âmbitos político, econômico, social e cultural”, declarou Nadine.
Gasman enfatizou que “8 em cada 10 mulheres querem cidades mais igualitárias” e essa é uma informação preciosa para as candidaturas de mulheres e todas que estiverem comprometidas com a igualdade de gênero. Citou, ainda, a Norma Marco para Consolidar a Democracia Paritária, elaborada pelo Parlatino (Parlamento Latino-americano e Caribenho) em cooperação com a ONU Mulheres para Américas e Caribe, para impulsionar o aumento da participação das mulheres na política na região.
Opinião pública e gênero – Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, ressaltou que “mesmo numa eleição nacional, a nossa perspectiva é a cidade”, lembrando que “a pesquisa Ibope/ONU Mulheres traz indicadores da vida real e concreta. E tem a ver com a população como um todo. Você tem sempre as mulheres como índice maior porque nós estamos moldadas a pensar no conjunto. E, por isso, as mulheres sempre estão com a preocupação acima”. Em relação às eleições 2018, Melo enfatizou: “Essa pesquisa precisa chegar nas mãos de todas as mulheres candidatas. E dos homens candidatos também”.
Ao longo da reunião, a ONU Mulheres propôs ao Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos a parceria na elaboração de material para candidatas e candidatos nas eleições 2018, diagnóstico do cumprimento de normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com foco no incentivo às candidaturas de mulheres, panorama das condições das instâncias de mulheres de partidos políticos e promoção das candidaturas comprometidas com a igualdade de gênero.