ONU Mulheres destaca o legado da feminista Rose Marie Muraro
23.06.2014
Por ser figura central na luta pela emancipação das mulheres, em 2005, Rose Marie Muraro foi reconhecida, pelo Congresso Nacional e pelo governo brasileiro, como Patrona do Feminismo Nacional
Uma mulher fundamental para o movimento feminista no Brasil e no mundo. Essa pode ser a síntese da trajetória política e intelectual de Rose Marie Muraro, falecida em 21 de junho, na cidade do Rio de Janeiro, aos 83 anos.
“Rose Marie Muraro foi uma mulher aguerrida e inspiradora pelas barreiras que quebrou. Permitiu-se viver com os propósitos feministas, assumindo as rédeas da própria vida e enfrentando o patriarcado em todas as suas formas: na vida pessoal, na política com novas propostas de relações sociais e na intelectualidade, desenvolvendo e expandindo o pensamento livre”, considera a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.
Ela dedicou-se à reflexão teórica sobre os direitos das mulheres, abrindo frentes de discussão sobre as relações de mulheres, homens e sociedade no Brasil. Escreveu mais de 40 livros, entre eles a arrojada obra Sexualidade da mulher brasileira: corpo e classe social no Brasil. “Foram qualidades brilhantes para a formação de gerações de feministas e para o empoderamento das mulheres brasileiras”, completa Gasman.
Rose Marie editou série de publicações, pelas editoras Vozes e Rosa dos Tempos, voltadas para a difusão do pensamento feminista. Contrapôs-se aos valores conservadores de submissão das mulheres brasileiras e disseminou os ideais feministas de diferentes partes do mundo. Tinha formação em Física e em Economia. Teve cinco filhos, 12 netos e quatro bisnetos.
Por ser figura central na luta pela emancipação das mulheres, em 2005, Rose Marie Muraro foi reconhecida, pelo Congresso Nacional e pelo governo brasileiro, como Patrona do Feminismo Nacional. Recebeu diversos títulos e distinções, entre elas os Prêmios Bertha Lutz, em 2008, e Teotônio Vilela (2009), ambos do Senado Federal, e as honrarias Cidadã Honorária de Brasília, em 2001, e de São Paulo, em 2004.
Em 2009, inaugurou o Instituto Cultural Rose Marie Muraro onde trabalhava, desafiando o câncer na medula óssea, que a acometia há dez anos. O corpo da feminista foi cremado, no domingo (22/6), no Rio de Janeiro em cerimônia para familiares.