No Dia Laranja, ONU debate a violência cibernética contra meninas no contexto educacional
28.07.2017
No Dia Laranja deste mês, a campanha global das Nações Unidas UNA-SE Pelo Fim da Violência contra as Mulheres debate a Violência Cibernética contra Mulheres e Meninas. Todos os meses, sempre no dia 25, a campanha destaca um tema chave para compreender e eliminar a violência contra as mulheres
A violência cibernética é um problema que vem crescendo no Brasil e no mundo, à medida que meninas e meninos, incluindo adolescentes, passam cada vez mais tempo on-line, em especial na Internet e nas redes sociais. Tal acesso pode trazer benefícios como o estímulo à criatividade e à informação, mas tem trazido também prejuízos como a exposição à violência, em especial no caso de meninas. Embora garotas e meninos sejam ambos vulneráveis aos diferentes riscos e danos relacionados ao uso indevido das tecnologias de comunicação e informação, as meninas são hoje a maioria das vítimas de abuso e exploração sexual na internet e nas redes.
Em 2013, 81% dos materiais que continham abuso sexual de crianças retratavam meninas, que tiveram a transmissão indevida de suas imagens e foram ainda vítimas de abuso por meio da internet.
“Para além do abuso sexual, as meninas enfrentam uma série violências como o bullying, o assédio sexual e moral e a intimidação, em casos que expõem a dinâmica desigual de poder entre meninos e meninas. Tais problemas se agravam à medida que fatores culturais como a desigualdade de gênero, raça e classe social amplificam a vulnerabilidade das mulheres e meninas”, diz Joana Chagas, gerente de Programas da ONU Mulheres.
A Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, compromisso que pauta o Dia Laranja Pelo Fim da Violência contra as Mulheres, tem em seu Objetivo 5 o acesso das mulheres ao empoderamento tecnológico como um dos principais indicadores de progresso. “Para atingir esse objetivo, é necessário garantir que a internet seja um lugar seguro e que permita que todas as mulheres e meninas exerçam seu pleno potencial como cidadãs”, diz Joana.
Violência cibernética nas escolas – No Brasil, a iniciativa O Valente não é Violento, que integra a campanha UNA-SE desenvolveu um currículo educativo para o ensino médio com o objetivo de por fim a estereótipos de gênero e comportamentos machistas, incluindo a violência cibernética contra meninas.
Trata-se de uma ferramenta para conscientizar meninos e meninas sobre o direito das mulheres de viver uma vida livre de violência. O material traz ainda planos de aula com as temáticas: Sexo, Gênero e Poder; Violências e suas Interfaces; Estereótipos de Gênero e Esportes; Estereótipos de Gênero na Mídia; Carreiras e Profissões e Vulnerabilidades e Prevenção. O projeto foi financiado pelo União Europeia e revisado pela área de Projetos de Educação da UNESCO.
Por reconhecer as instituições de ensino como contextos privilegiados para uma formação integral de meninos e meninas e para o exercício da cidadania, considerando seu papel central na promoção de mudanças sociais, a ONU realizará dois projetos pilotos, na Bahia e no Rio Grande do Norte, a fim de avaliar os efeitos da implementação do currículo para a igualdade de gênero em ambos os Estados.
Nesse dia 26 de julho, a ONU Mulheres participou de atividade de lançamento da parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia, em evento com jovens do projeto Fala Menina!, na escola pública estadual Severino Vieira, em Salvador, Bahia. Estiveram presentes mais de 300 alunos do Ensino Médio e professores, a Secretária de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia, Julieta Palmeira, a Secretária de Promoção de Igualdade Racial, Fabya Reis, e a Secretária do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Olívia Santana, a cantora Larissa Luz e a advogada e produtora musical Eliane Dias.
Na ocasião foi apresentado o currículo O Valente não é Violento, cuja implementação se dará ao longo do segundo semestre de 2017 e debatido o tema da violência cibernética entre jovens. Dentre as etapas previstas no projeto piloto na Bahia está a formação de 30 professores da rede pública de ensino, bem como a avaliação do cenário em escolas da região, a fim de aprimorar o conhecimento das e dos educadoras e educadores sobre a igualdade de gênero e raça.
O currículo O Valente não é Violento traz conteúdos específicos sobre bullying e ciberbullying [1], a fim de apoiar professoras e professores que lidam com o tema no cotidiano escolar.
Saiba mais:
• Currículo Educativo para o Ensino Médio para a Promoção da Igualdade de Gênero – Com o objetivo de prevenir a violência decorrente do machismo nas escolas, a iniciativa O Valente não é Violento, integrada à campanha do Secretário-Geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, traz um Currículo e Seis Planos de Aula para conscientizar meninos e meninas sobre o direito das mulheres de viver uma vida livre de violência.
• O UNICEF está colaborando com empresas, governos e sociedade civil para promover os direitos das crianças relacionados à Internet e às tecnologias associadas. Conheça o repositório on-line de novas ferramentas de negócios e orientação sobre proteção infantil on-line que inclui recursos úteis, materiais didáticos e ferramentas para empresas.
• As Diretrizes para a Proteção Infantil Online, elaboradas pela UIT (Agência da ONU especializada em tecnologias de informação e comunicação), descrevem as melhores práticas e recomendações-chave para diferentes grupos de interesse, incluindo decisores políticos, indústria, crianças, bem como pais, responsáveis e educadores.
• O Guia Global para a Violência de Gênero no Contexto Escolar, elaborado pela UNESCO e a ONU Mulheres, é um recurso abrangente sobre a violência baseada em gênero em ambientes escolares, incluindo orientação operacional clara, diversos estudos de caso e ferramentas recomendadas para o setor educacional e parceiras/os que trabalham para eliminar a violência de gênero.
[1] Cyberbullying: situação em que uma pessoa usa internet e aplicativos para telefones celulares para intimidar a outra. In? Currículo O Valente não é Violento. ONU Mulheres, Brasil, 2015. Disponível aqui.