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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Lideranças avaliam como a igualdade de gênero é tratada em suas empresas



04.05.2017


Empresas signatárias também falaram sobre o que estão fazendo para promover a igualdade de gêneros internamente e entre seus clientes e parceiros

 

Lideranças avaliam como a igualdade de gênero é tratada em suas empresas/

Painel mostrou que a sensibilização de líderes é essencial para que o tema da igualdade de gênero se instaure no cotidiano das organizações
Foto: Rede Brasil do Pacto Global/Fellipe Abreu

 

 

Do Pacto Global

Durante o Fórum WEPs, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global e a ONU Mulheres no dia 20 de abril no Insper, em São Paulo, líderes de grandes empresas signatárias também falaram sobre o que estão fazendo para promover a igualdade de gêneros internamente e entre seus clientes e parceiros. No palco, seis deles, sendo apenas dois homens, como comemorou Nadine Gasman, representante do ONU Mulheres Brasil. “Ainda estamos em dívida porque não temos nenhuma mulher negra neste palco, mas estamos trabalhando e tenho certeza de que vamos mudar isso também”, projetou.

O primeiro a falar foi Henrique Braun, Presidente da Coca-Cola Brasil (foto abaixo), que lembrou do compromisso assinado em 2010 de empoderar cinco milhões de mulheres em dez anos. Na época, firmou uma parceria com a ONU Mulheres no Brasil e na África do Sul. “Diversidade é um tema que não pode ser visto pelas grandes corporações somente como um target”, disse o CEO. “Precisa ser visto como algo estratégico, com vantagem competitiva e voltado para o indivíduo”. Segundo ele, a empresa já estava presente em 207 países, o que denota algum envolvimento com a causa. No entanto, faltavam outras lentes que permitissem a ela ser tão diversa quanta a sociedade na qual está inserida. “Tivemos que destrinchar metas por país, e cada organização pôde expor como chegaria ao objetivo comum”, contou.

Lideranças avaliam como a igualdade de gênero é tratada em suas empresas/Única companhia a ter todas as suas empresas na América do Sul como signatária dos WEPs – os Princípios de Empoderamento Feminino (e a única a assumir publicamente o compromisso de acabar com a desigualdade salarial interna), a Schneider foi representada pela presidente para a América do Sul Tania Consentino. “Nós somos responsáveis por garantir a sustentabilidade e a perenidade das nossas empresas, e a diversidade vai nos ajudar nisso”, disse. “Nossa empresa tem seu business alavancado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No nosso core business, ou seja, acesso universal à água e à energia, a gente entrega respostas para pelo menos 9 dos 17 ODS”. Ela ressaltou também que tudo é medido e informado internamente, o que também influencia fornecedores.

 

 

 

No Grupo Boticário, a primeira franquia foi idealizada por uma mulher, sendo que 85% delas têm hoje uma mulher no comando. Para Lia Azevedo, vice-presidente da empresa (foto à direita), o empoderamento feminino está no DNA da Lideranças avaliam como a igualdade de gênero é tratada em suas empresas/marca. Mas isso não era suficiente. “A gente não queria que essa percepção fosse intuitiva, pois isso não traz evolução”, analisa. Antes de assinar os WEPs, a opção foi fazer uma medição criteriosa, utilizando os Princípios para saber em que
patamar a empresa se encontrava, realizando um monitoramento trimestral, o que levou a uma série de processos internos, revisão de benefícios, inclusão de treinamentos, análise de campanha e, principalmente, a criação de um novo modelo de lideranças. “Hoje, nossos gestores são avaliados pela capacidade deles de promover a valorização das diferenças dentro da empresa”, comentou.

 

 

 

Diretora executiva da Maurício de Sousa Produções, Mônica Sousa (foto abaixo) inicialmente cativou a plateia por ter servido de inspiração para seu pai criar a Mônica dos quadrinhos, há 54 anos. “Ele dizia que eu era brava, mas não lembro disso, não”, brincou. Em seguida, contou que a personagem não era a principal quando surgiu. Mas já tinha um caráter forte e empoderador, conquistando o protagonismo da turma. Embaixadora do Unicef, a empresária percebeu que esse carisma podia ser usado para melhorar a autoestima das pequenas leitoras. “Criamos o projeto ‘Donas da Rua’ para dizer que elas podem ser o que quiserem, independente dos estereótipos do que é ser uma menina”, contou. A preocupação com o conteúdo das histórias atingiu não apenas os gibis, como os desenhos animados. Parceiro da ONU Mulheres, o estúdio da Turma da Mônica realiza hoje diversas ações nessa área com cerca de 150 empresas.

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Em seguida, Walter Malieni Junior, vice-Presidente de distribuição de varejo e gestão de pessoas do Banco do Brasil, explicou como uma instituição de duzentos anos e um olhar mais conservador mudou sua mentalidade a partir de 2010, quando se comprometeu com os WEPs. “Com quase cinco mil agências, a gente tem a capacidade de conversar com cada rincão do país”, lembrou. “Nos últimos três anos, o banco vem criando ações afirmativas muito sérias para permitir a ascensão vertical, em especial, à alta gerência”. Ele abriu um parêntese para apontar que, por ser uma estatal e de capital misto, a empresa obedece a regras diferentes de contratação por concurso. “Esse nosso empenho tem o objetivo de tornar a equidade algo normal em nossa empresa e, consequentemente, influenciar a sociedade brasileira”, disse.

Contribuição do setor público – Representando o setor público, a secretária Especial de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes (foto abaixo), se comprometeu a reforçar leis de defesa da mulher, a exemplo da Maria da Penha e a do feminicídio, além de programas como o Mulher, Viver sem Violência. “Nosso papel é promoção da igualdade e enfrentamento da violência, mas só podemos fazer isso se tivermos mulheres empoderadas”, declarou. “Por isso a importância da iniciativa privada, que é onde temos o maior número de empregos”. Ela anunciou que o programa Rede Brasil Mulher vai promover a parceria entre governo e sociedade civil, reunindo as ações que já existem e estimulando outras, visando a igualdade entre homens e mulheres.

 

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Durante a manhã, o público se dividiu em sessões paralelas que traziam mais exemplos práticos de empoderamento de mulheres em empresas e instituições de perfis variados. Como exemplo de primeira funcionária de carreira da Itaipu Binacional a chegar à diretoria, Margaret Groff, hoje diretora financeira da empresa, falou, como uma das idealizadoras do Prêmio WEPs Brasil, sobre como influenciar fornecedores. “Qualquer empresa pode participar, não apenas as signatárias, para expandir o conhecimento sobre os WEPs no país”, esclareceu. “O compromisso das empresas deve ser em diminuir toda forma de discriminação no local de trabalho e também dentro da sua cadeia de relacionamento, principalmente fornecedores”, completou.

Comunidades e propaganda – Em outra sala, voltada à perspectiva de gênero nas ações com as comunidades, Tiana Vilar Lins, da Womanity Foundation, apresentou a Plataforma UNA, que reúne diversos grupos focados na igualdade de gênero. “Percebemos que muitas iniciativas eram parecidas e tinham um potencial muito grande de trocar experiências, economizando tempo, energia e recursos financeiros”, contou. Outra mesa tratou do modo como a publicidade vê a mulher. Gerente de Planejamento da Heads Propaganda, Isabel Aquino já havia apresentado números que evidenciam a falta de representatividade da mulher e de outras minorias na propaganda brasileira. “Estamos contando as mesmas histórias, mostrando os mesmos biotipos, a realidade é muito mais diversa e interessante do que a gente está propondo”, alertou.

O evento também contou com a apresentação da gerente de Responsabilidade Corporativa da PwC, Renata Franco, que promoveu o lançamento do curso Gender IQ em português. “Esse treinamento passa desde o conceito do que é identidade de gênero até reflexões de qual o custo da desigualdade e o benefício da equidade de forma mais clara e termina com uma chamada para a ação”, explicou. “Nosso desejo é que o curso permeie não só o ambiente corporativo, mas chegue às salas de aula, às residências, e que a gente possa tratar desse tema de diferentes formas”. Logo depois, a Diretora de Recursos Humanos do Santander, Fátima Gouveia, compartilhou os estudos do banco sobre diversidade e apresentou um uso inovador da realidade virtual para permitir que os funcionários pudessem enxergar problemas do ambiente de trabalho por outro ângulo. “Quando a gente fala de vieses inconscientes, as brincadeirinhas sutis do dia a dia estão sempre muito presentes”, disse.