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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Especialistas negras chamam atenção para foco em gênero e raça nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável



25.07.2018


Sob o lema “Não deixar ninguém para trás”, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável trazem desafios para governos, sociedade, cidadania, empresas e universidades para ações que transformem realidades excludentes por meio da distribuição equitativa de oportunidades e riquezas para todas as pessoas

 

Especialistas negras chamam atenção para foco em gênero e raça nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/onu mulheres ods noticias direitos humanos direitosdasmulheres decada afro

Lúcia Xavier é membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, parceiro da ONU Mulheres Brasil

 

Os três anos de vigência dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Década Internacional de Afrodescendentes são revisitados por especialistas negras a partir da indicação de oportunidades e desafios nas questões de gênero e raça nas respostas do Brasil à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e a implementação do Marco de Parcerias da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (2017-2021). Ao longo desta semana, de 23 a 27 de julho, serão compartilhadas as visões de 11 especialistas por meio da ação digital #MulheresNegrasNosODS, desenvolvida pela ONU Mulheres Brasil em parceria com o Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos.

“A sociedade civil é um dos agentes estratégicos para a Agenda 2030 num contexto amplo de parcerias. Para fazer acontecer a Agenda 2030 no Brasil, visões e trabalho integrado com o movimento de mulheres negras e especialistas negras são importantes para fazer avançar a implementação dos ODS e o alcance do plano de ação da Década Internacional de Afrodescendentes com foco nas realidades e nos problemas nacionais, com vistas a encontrar soluções que transformem a vida de brasileiras e brasileiros até 2030”, explica Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil e coordenadora do Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil.

 

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Vilma Reis é socióloga e Ouvidora Externa da Defensoria Pública do Estado da Bahia

Os temas de nove ODS – 2, 3, 5, 8, 10, 11, 15, 16 e 17 –, serão retomados diariamente, entre 23 e 27 de julho, em alusão ao Dia Internacional da Mulher Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora. Os assuntos serão expostos a partir dos conhecimentos de: Ângela Gomes, Carla Akotirene Santos, Fernanda Bairros, Juliana César Nunes, Lúcia Xavier, Maria Inês Barbosa, Suelaine Carneiro, Tânia Palma, Tatiana Nascimento, Valdecir Nascimento e Vilma Reis.

Os posicionamentos e as sugestões foram coletados durante a Jornada Formativa Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, promovida pela ONU Brasil e ONU Mulheres em parceria do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, com base no alinhamento entre o manifesto da Marcha das Mulheres Negras 2015 contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver e dos ODS.

Dentre os temas abordados pelas especialistas negras, estão: violência contra as mulheres negras; racismo nas cidades; mídia; trabalho decente e crescimento econômico; saúde da população negra; participação política e democracia; acesso à justiça e encarceramento de mulheres negras; segurança alimentar e nutricional; saberes tradicionais e biodiversidade.

De acordo com Vilma Reis, socióloga e ouvidora externa da Defensoria Pública do Estado da Bahia, “a Década Internacional de Afrodescendentes é um chamado para continuar a caminhada após a Conferência de Durban contra o Racismo e a Discriminação Racial. O tipo de aliança que se busca é para saber como quebrar o ciclo de vulnerabilidade da população negra e quais respostas serão construídas para dentro do país. Os movimentos estão atuando no país, mas nós precisamos de retaguarda”.

Para a nutricionista e professora de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Fernanda Bairros, os ODS demandam proximidade com o movimento de mulheres negras. “Os dados mostram que, mesmo com melhor renda, as mulheres negras ainda têm maior insegurança alimentar. Precisamos discutir os ODS por meio de uma agenda com o movimento de mulheres negras para a segurança alimentar, para que se possa pensar estratégias para enfrentar esse cenário”.

Lúcia Xavier, assistente social e integrante do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, considera a importância da defesa pública em favor dos direitos humanos das afro-brasileiras. “Romper com o racismo significa mostrar a capacidade política das mulheres negras. É fundamental dar suporte e financiar as ações das mulheres negras e comunicar sobre como vivem. A ONU precisa trazer de volta um patamar de direitos que fale da participação da mulher, do direito humano como base para o desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e dizer que a miséria não pode ser a base da riqueza do país. Atuar na contramão do retrocesso, colocar essas questões na pauta do dia e lembrar o Brasil dos compromissos internacionais que assumiu”, avalia Lúcia Xavier.

 

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Fernanda Bairros é nutricionista e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Dia das Mulheres Negras – O 25 de julho – Dia Internacional da Mulher da Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora –, é data de mobilização desde 1992, quando da realização do 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, que também estabeleceu a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora. Aquele encontro teve teve por objetivo visibilizar as especificidades das mulheres negras no processo preparatório de Pequim. O Dia Internacional da Mulher da Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora tem como finalidade promover e fortalecer a ação política das mulheres negras da região junto ao poder público por ações concretas para a eliminação do racismo e do sexismo.

No Brasil, o 25 de julho é parte do calendário oficial desde 2014 por meio da Lei nº 12.987/2014, resultado da articulação do movimento de mulheres negras, e celebra Tereza de Benguela, liderança quilombola contra a escravização de mulheres e homens africanos e afro-brasileiros. Neste contexto, o mês de julho é considerado um período de intensas atividades políticas, formativas e culturais para visibilizar as trajetórias e as contribuições das afro-latino-americanas e caribenhas.