08.04.14 – Empresas são reconhecidas com Prêmio WEPs Brasil por promoverem a igualdade de gênero
08.04.2014
Foto: Carlos Ruggi
No dia 31 de Março, aconteceu, em Curitiba, Paraná, a entrega da primeira edição do Prêmio WEPs Brasil. A solenidade contou com a presença de mais de 400 pessoas e reconheceu as empresas que mais se destacaram na promoção da igualdade de gênero em seus ambientes de trabalho. Entre as autoridades e convidados, estiveram presentes o Conselheiro Especial do Pacto Global da ONU, Fred Dubee; o presidente do Pacto Global no Brasil, Jorge Soto; e a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.
O prêmio é uma iniciativa da empresa Itaipu Binacional, que, após ser reconhecida pelas Nações Unidas com o WEPs Leadership Awards, em 2013, decidiu criar o Prêmio WEPs Brasil 2014. Por compartilhar do ponto de vista da própria ONU de que as empresas são um importante veículo para que a cultura de respeito à diversidade seja colocada em prática, o objetivo da Itaipu é o de disseminar a cultura de equidade de gênero e empoderamento de mulheres entre empresas brasileiras de diversos portes. A iniciativa tem a chancela do Pacto Global da ONU e da ONU Mulheres, criadores dos WEPs.
Empresas de todas as regiões do Brasil concorreram à premiação. Das 186 inscritas, 75 foram consideradas tecnicamente habilitadas para a competição, por atenderem a pelo menos alguns dos princípios WEPs e 32 chegaram à fase final. A expectativa é de que, para a segunda edição do prêmio, prevista para 2016, o número de empresas participantes seja ainda maior. Das empresas habilitadas, 6% são signatárias dos WEPs e 11%, do Pacto Global, o que indica que, possivelmente, haverá uma ampliação das adesões aos dois mecanismos por parte das demais empresas participantes.
As empresas foram avaliadas segundo uma metodologia composta por duas etapas: uma de autoavaliação e outra de visitas de um comitê às organizações. Segundo os participantes, estas visitas foram muito importantes para que as empresas pudessem obter um feedback prático sobre a promoção e a melhoria da cultura da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres em seus ambientes internos.
Entre as empresas que concorreram ao prêmio, o princípio mais aplicado ao dia a dia das organizações está ligado ao incentivo à educação, à formação e ao desenvolvimento profissional das mulheres. Quase 90% das 75 empresas relataram que o acompanhamento formal do desempenho de homens e mulheres é feito sem discriminação, e que as empregadas têm as mesmas oportunidades de treinamento que os empregados. No que se refere ao comprometimento da liderança da empresa com a equidade de gênero, 68% demonstraram preocupação com este princípio, e cerca de 30% apresentaram pontuação próxima à nota máxima.
Em geral, os programas de apoio às mulheres trabalhadoras desenvolvidos pelas empresas compreendem, principalmente: a ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses; a participação em campanhas de combate ao câncer de mama e a realização de exames de saúde periódicos específicos para as funcionárias; e o incentivo ao empreendedorismo feminino, incluindo o aumento da participação das mulheres em cargos de chefia. Em relação a este último ponto, as estatísticas demonstram que, em um ano, a participação das mulheres no quadro geral de funcionários dessas empresas passou de 13% para 15%. Nos cargos de gestão, a participação subiu de 14% para 21% e nos cargos de diretoria, saiu de zero para 45%.
Olga Simbalista, diretora de Gestão de Novos Negócios de Furnas, empresa de geração e transmissão de energia premiada com o “Ouro” na categoria de grandes empresas, reconhece que, além dos aspectos éticos, apoiar o empoderamento das mulheres passou a ser um bom negócio. Ela relembra que, historicamente, Furnas é uma empresa cuja atividade principal, em sua maior parte, sempre foi exercida por homens. No entanto, a partir de 2003, iniciou um processo de mudanças em relação às questões de gênero, criando um Comitê de Gênero e se engajando profundamente na inclusão de cada vez mais mulheres nos postos de liderança. Para Olga, “a visibilidade conseguida por meio do Prêmio WEPs Brasil, cuja credibilidade é respaldada pela ONU, mostra que este caminho não pode e não deve ser abandonado”.
Sueli Noronha, presidente da Cene Home Care, empresa de médio-porte que também conquistou o “Ouro” na premiação, concorda com Olga. “O prêmio confirma que a organização está no caminho correto e gera estímulos para que a empresa mantenha e aumente o nível dos resultados em relação à cultura da igualdade de gênero”. A Cene Home Care, dedicada ao ramo de atendimento hospitalar em casa, tem trabalhado para que a igualdade de gênero esteja cada vez mais presente na mentalidade da liderança corporativa, define os salários com base nas funções e responsabilidades, independente de sexo e raça, e vem investindo na capacitação das funcionárias e no aumento da participação de mulheres nos cargos de comando.
A Feito Brasil Cosméticos, empresa ganhadora da categoria “Ouro” de micro e pequenas empresas, também fez por merecer o reconhecimento. A organização tem seu quadro de funcionários composto por mulheres em mais de 90%, e elas ocupando posições de liderança em diversos setores, além da própria presidência da empresa. Entre as preocupações da empresa com suas funcionárias e funcionários, está a flexibilidade em relação à carga de trabalho, com o objetivo de permitir que possam também se dedicar a suas famílias de forma harmônica. No que se refere ao público externo, a empresa cuida de seus comerciais, de modo que não reforcem a imagem de uma beleza inatingível para as mulheres. Para Lena Pedron, presidente da Feito Brasil, com o reconhecimento de seus esforços pelo prêmio, “praticar a equidade de gênero virou um mantra em tudo que o formos fazer: desde as palestras que realizamos nas universidades e nas associações de mulheres, à conscientização de todas(os) as(os) colaboradoras(es) da empresa, dos fornecedores e da sociedade de modo geral”.
Saiba mais sobre os WEPs: http://premiowepsbrasil.org