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Brasil

Ativistas negras, ONU Mulheres e parceiros avaliam estratégias dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e da Década de Afrodescendentes com foco em gênero e raça no Brasil



18.06.2018


Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, composto por ativistas de movimentos sociais, participará de reuniões técnicas com equipes do governo brasileiro, institutos de pesquisa e Nações Unidas. Grupo avaliará oportunidades e desafios do plano de ação da Década Internacional de Afrodescendentes e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, documento firmado entre o governo brasileiro e a ONU Brasil

 

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Participantes do Fórum Permanente de Mulheres Negras no encerramento das atividades no Fórum Social Mundial 2018
Foto: Lis Pedreira

Ativistas do movimento de mulheres negras se reúnem com equipes técnicas do governo brasileiro, institutos de pesquisa e Nações Unidas para avaliar as estratégias de implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e da Década Internacional de Afrodescendentes, eixos normativos que orientam o Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável firmado entre o governo brasileiro e a ONU Brasil, a partir desta segunda-feira (18/6), na Casa da ONU, em Brasil. Será o primeiro encontro do Comitê de Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, parceiro da ONU Mulheres, para avaliar o progresso dos ODS com foco em gênero e raça.

Sob a organização da ONU Mulheres Brasil e o apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos, estão programadas cinco sessões técnicas, com a finalidade de apoiar a releitura do movimento de mulheres negras sobre as suas demandas e as possibilidades de resposta da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e da Década Internacional de Afrodescendentes. “Por sugestão do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, a ONU Mulheres fez um levantamento sobre a pauta da Marcha das Mulheres Negras e os 17 Objetivos Globais. As demandas das mulheres negras brasileiras têm relação com o conjunto dos ODS, porque elas propõem um novo pacto civilizatório para o Brasil, o que nos traz o desafio concreto para que as afro-brasileiras estejam no centro dos debates, análises e negociações, para que impedir que elas continuem a ficar para trás no desenvolvimento”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

De acordo com Gasman, o financiamento da Agenda 2030 ainda requer investimentos robustos. “Precisamos identificar ações e investimentos públicos e privados para que as mulheres negras não fiquem para trás no desenvolvimento sustentável. A Agenda 2030 nos impele a inovar e buscar outras formas de agir para que possamos fazer as mudanças que o mundo e o Brasil precisam para um modelo inclusivo, justo e sustentável”, considera a representante. Ela ressalta que a sociedade civil é um dos agentes decisivos para a Agenda 2030 e que os trabalhos dos três dias estão baseados também no objetivo global nº 17 – Parcerias e Meios de Implementação.

Em sessão com o Grupo Temático de Gênero, Raça e Etnia da ONU Brasil, o Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 apresentará a agenda do movimento de mulheres negras e como suas demandas se conectam com os mandatos das diferentes agências das Nações Unidas. Um dos destaques é o Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem do Brasil, que acontecerá, em dezembro deste ano, em Goiânia.

Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 – Por iniciativa da ONU Mulheres, a estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, lançada em março de 2017, foi apresentada ao Comitê Nacional Impulsor da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, em julho de 2017, o qual compôs o Comitê Mulheres Negras Planeta 50-50, incorporando-se a este grupo entidades negras do Grupo Nacional Assessor da Sociedade Civil da ONU Mulheres e a Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas.

No marco da parceria com o Comitê Mulheres Negras Planeta 50-50, a ONU Brasil está realizando a capacitação interna “Jornada Formativa Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030”, curso para o staff da ONU Brasil com especialistas negras recomendadas pelo Comitê Mulheres Negras Planeta 50-50. Até o momento, aconteceram oito aulas: Valdecir Nascimento (Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, outubro de 2017), Suelaine Carneiro (ODS 5 – Mulheres Negras e Violência, novembro de 2017), Vilma Reis (ODS 11 – Cidades e Comunidades: Plano de Ação dos 10 Compromissos para Combater o Racismo a Discriminação e a Xenofobia nas Cidades, dezembro de 2017), Juliana Nunes (Pacto de Mídia 50-50: Mulheres Negras e Comunicação, janeiro de 2018), Tatiana Silva (ODS 8 – Mulheres Negras, Trabalho Decente e Crescimento Econômico, fevereiro de 2018), Maria Inês Barbosa (ODS 3: Saúde da População Negra e Racismo Institucional, março de 2018), Lúcia Xavier (ODS 10: Mulheres Negras, Participação Política e Democracia, abril de 2018), Carla Akotirene Santos (ODS 16 – Mulheres Negras e Encarceramento, maio de 2018), Fernanda Bairros (ODS 2: Mulheres Negras, Segurança Alimentar e Nutricional, junho de 2018), Angela Gomes (ODS 15: Mulheres Negras, Saberes Tradicionais e Diversidade, julho de 2018), Gina Vieira (ODS 4: Educação Étnicorracial e Combate ao Racismo, agosto de 2018), Givânia Silva e Aparecida Mendes (ODS 11: Comunidades Tradicionais e Mulheres Quilombolas, setembro de 2018) e Vanda Machado (ODS 11: Comunidades Tradicionais Religiosas de Matriz Africana, outubro de 2018).

Além da formação interna, atividades públicas são realizadas por meio de ações digitais nas redes sociais, a estratégia tem o apoio da embaixadora da ONU Mulheres, Camila Pitanga, e das defensoras dos Direitos das Mulheres Negras, Kenia Maria e Taís Araújo.

Ao longo de 2018, a estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 tem o apoio da Embaixada do Reino dos Países Baixos, a exemplo do Fórum Permanente de Mulheres Negras, ocorrido no Fórum Social Mundial 2018, para o qual o Comitê Mulheres Negras Planeta 50-50 demandou apoio da ONU Mulheres, e das reuniões técnicas e dos Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030.

Mulheres negras na UnB – Os 30 anos da articulação política do movimento de mulheres negras, celebrados ao longo de 2018, são o fio condutor da atividade acadêmica Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver que acontecerá, na próxima quarta-feira (20/6), das 14h às 19h, em Brasília. Três painéis estão programados para abordar marcos da organização política autônoma das mulheres negras no Brasil e sua influência na América Latina, oportunidades e desafios para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Década Internacional de Afrodescendentes – agendas estratégicas dos Estados-membros da ONU –, e o processo de organização do “Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil”.

Os “Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” são organizados pela Universidade de Brasília, ONU Mulheres Brasil, Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e Embaixada do Reino dos Países Baixos, com apoio da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos). As inscrições estão abertas (acessar página de cursos de extensão, fazer login ou cadastro e inserir “mulheres negras” como palavra-chave), com vagas gratuitas e limitadas. Participantes receberão certificado de atividade acadêmica de extensão, expedido pela UnB e pela ONU Mulheres Brasil. Haverá transmissão ao vivo pela internet por meio do facebook da UnB TV.

A programação reúne ativistas e especialistas negras para debater desafios para o enfrentamento do racismo e do sexismo no Brasil e estratégias do movimento de mulheres negras, a exemplo da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, de 2015, e o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, ocorrido em 1988, em meio à afirmação da luta política das afro-brasileiras pela organização da própria força política durante o centenário da abolição da escravização negra.

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