Ativistas e especialistas de gênero avaliam participação política das mulheres na websérie #Brasil5050 sobre eleições 2018
22.08.2018
Websérie documental #Brasil5050, da ONU Mulheres Brasil, revela anseios de especialistas, ativistas e parlamentares pela democracia paritária, incentivo às candidaturas de mulheres, responsabilidade de partidos políticos, alerta ao eleitorado brasileiro para voto consciente e caracterização da violência política
Playlist #Brasil5050 no canal do Youtube da ONU Mulheres Brasil
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Mais de 147 milhões de eleitores e eleitoras brasileiras estão aptas a votar em 7 de outubro deste ano, para a escolha de candidatos e candidatas à Presidência da República, Senado, Câmara dos Deputados, Governos Estaduais e Distrital, Assembleias e Câmara Legislativas. E a maior parte do eleitorado continua a ser formado por mulheres: 52,5%, totalizando 77 milhões de eleitoras. Como maioria da população e do eleitorado, as mulheres brasileiras enfrentam obstáculos para alcançar aigualdade de gênero, como propõe o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº5, um dos 17 objetivos globais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Se no eleitorado as mulheres são maioria, entre as candidaturas elas alcançaram 30,64%, representando 8,3 mil candidatas. No pleito de 2016, para Executivos e Legislativo municipais, foram computados 31,1% de candidatas, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O empoderamento político das mulheres é uma das condições para o aumento da liderança e participação política das mulheres. Para ativistas e especialistas de gênero, para além do alistamento de mulheres nos partidos políticos – que neste ano chegou a 44% dos 18 milhões de pessoas filiadas –, é preciso incentivo às candidaturas de mulheres durante o período de campanha eleitoral. “Países que possuem representação igualitária, são países que possuem o melhor índice de desenvolvimento humano”, lembra a advogada Luciana Lóssio.
Como a busca pelo voto pode se mostrar mais árdua para as candidatas pelo machismo, especialistas de gênero e ativistas consideram importante valorizar o engajamento de mulheres com a política nacional. Uma dessas vozes é a de Marlise Santos, professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do Grupo Assessor Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres.
Em um dos vídeos sobre as eleições 2018 da websérie #Brasil5050, da ONU Mulheres, Marlise Santos se dirige às candidatas: “Apesar do sistema dizer para vocês o tempo todo que vocês não valem e que a candidatura não vai ser bem-sucedida, eu quero que vocês acreditem nessa candidatura. O valor e a importância dessa candidatura são essenciais para que esse país saia desse grande dilema que nós estamos vivendo, que é essa crise da democracia”.
Opinião semelhante é a de Flávia Biroli, professora e pesquisadora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília e membra do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres. De acordo com ela, o machismo é um dos obstáculos concretos à participação política das mulheres no país. “A política brasileira tem sido uma política masculina. E isso não significa apenas que há uma maioria de homens. Significa que as experiências das mulheres, as necessidades das mulheres não estão sendo devidamente consideradas”.
Campanhas de candidatas negras – Ativistas feministas e do movimento de mulheres estão engajadas com o empoderamento político das mulheres. Uma delas é Clátia Vieira, membra do Fórum Nacional de Mulheres Negras e do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, este parceiro da ONU Mulheres. “Nós, mulheres negras que não somos candidatas, temos a obrigação de criar condições para que as mulheres pretas nos representem. A gente precisa fazer campanha para que essas mulheres pretas se sintam fortalecidas”, diz.
Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão, avalia que candidatas e eleitorado têm papel importante nas eleições 2018. Para as postulantes aos cargos eletivos, ela aconselha: “Prestem atenção. Vocês têm toda condição de ir para uma eleição e vencer essa eleição, porque vocês têm um olhar social”. E, a mulheres e homens eleitores, acrescenta: “O eleitorado precisa votar e prestar atenção nas mulheres. Elas estão mudando o Brasil!”.
Histórico de mobilização política – Outra entrevistada da websérie #Brasil5050 registra o histórico de mobilização política das mulheres. Liége Santos, da União Brasileira de Mulheres, salienta: “Participar sempre. Insistir sempre. Nós não podemos esquecer que o protagonismo das mulheres, na História do Brasil, é uma realidade. As mulheres conquistaram o voto em 1932. Lutaram contra a ditadura, com participação efetiva, e foram as mulheres as primeiras a criar o movimento pela Anistia no Brasil. O protagonismo das mulheres, na Constituinte de 88, foi fundamental”.
De acordo com Liége Santos, o histórico de mobilização política também é percebido na atualidade. “Essa participação e esse protagonismo são realidade. Nesse momento de ano eleitoral, nós temos de dizer às mulheres: vocês são atrizes principais. São protagonistas da história e têm de lutar cada vez mais pelos seus lugares na História do Brasil e na sua participação política”.
Mônica Oliveira, do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil da ONU Mulheres e membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030, faz alusão ao histórico de negação das mulheres no mundo político. “A política é nosso lugar porque ela decide o nosso cotidiano. A política decide sobre a escola dos nossos filhos e filhas, a universidade onde nós queremos estudar e onde nós queremos que nossas filhas e filhos estejam. A política decide os nossos salários. A política decide nossa segurança. Então, nós precisamos estar na política, inclusive para fazer valer a nossa voz, especialmente nós, mulheres negras, que praticamente não estamos nesses lugares”, pontua a ativista, que faz parte da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.
#Brasil5050: paridade de gênero na política – Parte das expectativas das mulheres brasileiras para as eleições 2018 e pela igualdade de gênero na política – especialistas em política, gênero, raça, parlamentares e ativistas – são o mote da websérie documental #Brasil5050, da ONU Mulheres Brasil, com cerca de 90 depoimentos que serão publicados nas redes sociais da ONU Mulheres Brasil e do projeto Cidade 50-50 até o final do ano. Os episódios revelam: anseio pela democracia paritária por meio de um #Brasil5050, incentivo às candidaturas de mulheres, responsabilidade de partidos políticos, alerta ao eleitorado brasileiro para voto consciente e caracterização da violência política.
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