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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Relatório da ONU Mulheres destaca política econômica e social do Brasil com perspectiva de gênero



02.07.2015


Em palestra realizada em Brasília, diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, classificou como “impressionante” a redução da desigualdade salarial entre mulheres e homens em quase 10%, um ponto percentual ao ano, e aumento de criação de empregos com carteira assinada na década de 2000. Tema está baseado no relatório global O Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: Transformar as economias, realizar direitos, da ONU Mulheres, e foi apresentado na capital federal

Acesse: íntegra do relatório (Inglês) e o resumo Executivo (Inglês | Espanhol)

 

 

Relatório da ONU Mulheres destaca política econômica e social do Brasil com perspectiva de gênero/

Diretora regional Luiza Carvalho apresentou relatório lançado recentemente no mundo
Foto: Bruno Spada/ONU Mulheres

 

Mudanças nas economias para assegurar os direitos das mulheres. Esta é mensagem-chave da palestra “O Progresso das Mulheres no Mundo” da diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, ministrada, em 22 de junho, em Brasília. Elaborado pela ONU Mulheres, a cada dois anos, o relatório focou nas políticas sociais e econômicas dos países ao abordar a temática Transformar as economias, realizar direitos.

Em apresentação dirigida a autoridades do governo brasileiro, comunidade internacional, empresas e universidades, ela frisou o avanço das políticas sociais na América Latina, especialmente no Brasil com a duplicação do salário mínimo, entre 2000 e 2008, e redução da desigualdade salarial entre mulheres e homens. “É um resultado impressionante quase 1% ao ano, o que não se viu em outros países do mundo”, enfatizou com referência aos dados entre 1995 e 2007.

De acordo com a diretora regional, os países devem vincular desenvolvimento econômico com desenvolvimento social e mecanismos para garantir a igualdade de gênero. Dentre os três passos, elencou: trabalho em favor das mulheres, entorno macroeconômico favorável e política social com perspectiva de gênero. “Os países devem fazer essa discussão política. As mudanças precisam de determinação e reconhecimento do que é preciso mudar”, disse em alusão aos índices positivos referentes ao Brasil.

 

Relatório da ONU Mulheres destaca política econômica e social do Brasil com perspectiva de gênero/

Apresentação foi conferida pelo coordenador residente da ONU no Brasil, Jorge Chediek, entre outras autoridades diplomáticas, empresas e universidades
Foto: Bruno Spada/ONU Mulheres

 

Entre os dados, a diretora citou a criação de 17 milhões de postos de trabalho, dos quais 10 milhões tiveram carteira assinada. Luiza Carvalho ressaltou a tendência de conservadorismo nas Américas e no mundo sobre direitos sociais e foi contundente: “Os ganhos também podem ser perdidos. E nós, da ONU, temos de celebrar esses avanços e tomar atitudes sérias para que os avanços sejam sustentados e para que não haja retrocesso”.

Outro tema abordado na palestra foi a baixa representação política das mulheres no Brasil. Luiza lembrou que, na Europa, a média é 25%, enquanto no Brasil não passa de 11%. Sobre o empoderamento político, a diretora regional apontou a necessidade de visibilizar a violência política, a exemplo de lei boliviana, como expressão do assédio e da falta de apoio e de mecanismos para as mulheres aumentarem a participação em partidos e cargos eletivos.

Políticas para as mulheres – Presente à apresentação da palestra, a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), contou a recente entrega de 500 casas populares em São Paulo. “Uma das beneficiárias era uma mulher negra, separada, mãe de seis filhos e sobrevivente da violência doméstica. Não canso de lembrar dessa mulher. Ela está presente na minha memória como representação da mudança de cidadania no Brasil”.

 

Relatório da ONU Mulheres destaca política econômica e social do Brasil com perspectiva de gênero/

Ministra das Muheres, Eleonora Menicucci, destacou políticas para garantia de cidadania
Foto: Bruno Spada/ONU Mulheres

 

Menicucci frisou o compromisso do governo brasileiro “com a transversalização de gênero nas políticas públicas”, a exemplo do Plano Safra, documentação de trabalhadoras rurais e qualificação profissional por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), sob a liderança da presidenta Dilma Rousseff. Falou, ainda, do programa Brasil sem Miséria e do Bolsa Família, em que a titularidade do cartão à mulher possibilita a participação dela na movimentação das contas da casa. “Nossas políticas não estão somente nas políticas para as mulheres ou no nosso ministério. A perspectiva de gênero está em políticas fundamentais para ampliar os direitos das mulheres e transformar a economia, enfrentar a violência e promover a autonomia econômica das mulheres”.

Liderança brasileira – Em sua saudação, a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman, ressaltou o trabalho do Brasil nas relações internacionais na agenda pós-2015 e na presidência da 60ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres, que acontecerá, em março de 2016, em Nova Iorque.

 

Relatório da ONU Mulheres destaca política econômica e social do Brasil com perspectiva de gênero/

Representante da ONU M ulheres Brasil, Nadine Gasman, apresentou à diretora Luiza Carvalho exposição Pequim+20
Foto: Bruno Spada/ONU Mulheres

 

Registrou, ainda que o país foi decisivo para fortalecer o papel de fiscalização da CSW sobre o cumprimento da Plataforma de Ação de Pequim, em 12 áreas de preocupação sobre direitos de mulheres e meninas. E acrescentou: “Em março deste ano, o Brasil se tornou um dos primeiros países a expor compromisso público com a iniciativa ‘Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero’, proposta pela ONU Mulheres, para acelerar os progressos pelo empoderamento de mulheres nos próximos 15 anos”.

Missão oficial – Em sua primeira missão oficial ao Brasil, a diretora da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, teve agenda de compromissos em Brasília, São Paulo, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro, de 22 a 26 de junho. Investida no cargo desde setembro de 2014, Luiza Carvalho tem dedicado parte da agenda em missões na América Latina e Caribe para estreitar laços diplomáticos e ampliar a interlocução com autoridades, empresas e sociedade civil em favor do mandato da ONU Mulheres: a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.