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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Fórum Regional de Empresas pela Igualdade de Gênero articula compromissos com 14 países da América Latina e Caribe



05.08.2014


Em destaque: políticas e práticas para fazer avançar a igualdade de gênero no mercado de trabalho

Assista aqui ao vídeo do Fórum
Em breve, outros conteúdos estarão disponíveis em: http://americalatinagenera.org/foro_regional2/

 

Fórum Regional de Empresas pela Igualdade de Gênero articula compromissos com 14 países da América Latina e Caribe/

Empresas, cooperativas, sindicatos e governos reforçam compromissos com os direitos das mulheres no mercado de trabalho

 

Mais de 170 representantes de empresas públicas, privadas, sindicatos, instituições nacionais e especialistas de mais de 14 países da América Latina e Caribe participaram, nos dias 2 e 3 de julho, do II Fórum Regional de Empresas pela Igualdade de Gênero para impulsionar a igualdade de gênero no mundo do trabalho. Empresas como Unilever, Manpower, Nutresa, Telefónica, Codelco, Coopertec, ANP, COOMEVA, Bayer, Telecom, Sindicatos do Uruguai, Chile e Colômbia, Cooperativas da Nicarágua, Honduras e Cuba, além dos mecanismos e institutos da mulher e ministérios do Trabalho da região, compartilharam suas experiências para fazer avançar as políticas e as práticas de igualdade de gênero. O encontro aconteceu em Cartagena de Indias, na Colômbia.

O II Fórum foi organizado pelo Ministério do Trabalho da Colômbia, o Alto Conselho Presidencial para a Equidade da Mulher da Presidência da República da Colômbia, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). Foi inaugurado pelo ministro do Trabalho da Colômbia, José Noé Ríos; o secretário-geral de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e diretor da AECID, Gonzalo Robles; a diretora-regional da ONU Mulheres, Anna Coates; e o diretor do Centro Regional do PNUD para América Latina e Caribe, Freddy Justiniano.

O II Fórum contou com uma agenda ampla e diversa, a exemplo da apresentação de estudos como o Relatório Regional Trabalho Decente e Igualdade de Gênero e o Estudo Regional Igualdade de Gênero nas PYMEs e Cooperativas. No evento, foram organizadas mesas de trabalho com painelistas de empresas e especialistas em estratégia de desenvolvimento profissional, comunicação inclusiva, mercado de trabalho e segregação laboral. Além disso, foram abertos espaços para intercâmbio de experiências e ferramentas concretas entre as empresas para a promoção da igualdade de gênero e não discriminação nos espaços de trabalho.

As empresas destacaram o apoio e o trabalho realizado pelos Programas de Certificação de Igualdade de Gênero, mais conhecidos como Selos de Igualdade. Estes são coordenados, nos países, por instituições nacionais e têm o apoio do PNUD. Estiveram de acordo também com a necessidade de expandir as alianças público-privadas e os programas para mais empresas e a outros países da região. Dentre os pontos acordados, destacam-se algumas conclusões sobre temas concretos:

  • Em torno da forte segregação laboral que existe na região, as empresas de setores historicamente masculinizados, tais como cimento, energéticas, construção, administração de portes e minérios, acordaram avançar em ações positivas e concretas para romper com estereótipos, mitos e prejuízos que impossibilitam as mulheres de ingressar, permanecer e crescer nesses setores da economia formal, setores dos mais dinâmicos da região. Desse modo, comprometeram-se a gerar alianças estratégicas com universidades para promover a incluso de mulheres jovens nas carreiras relacionadas a esses setores. Na mesa, esteve presente a pesquisadora Alma Espino, e foram expostas as experiências da Argos Colômbia, Codelco Chile, Administração Nacional de Portos (ANP) Uruguai.
  • Um dos momentos mais destacados do II Fórum foram os debates em torno das estratégias de conciliação entre vida familiar, profissional e pessoal com corresponsabilidade. Foram apresentadas as experiências da empresa Grupo Cene, do Brasil; do Sindicato de Aguja (SUA), do Uruguai; da empresa Unilever Colômbia e da empresa Anglo American, do Chile. Um dos acordos centrais foi que as estratégias de corresponsabilidade não podem ser programas isolados na organização, e sim políticas constitutivas da ADN organizacional. Dentre os encaminhamentos, a necessidade de mudar a perspectiva “maternalista ou dirigida exclusivamente a mulheres” a ações de responsabilidade compartilhadas de cuidados, na qual o papel do Estado, das empresas e dos homens são centrais. Foram expostas estratégias inovadoras sobre a divisão do tempo nas empresas, transferências especiais dirigidas a pais e mães e o reconhecimento de outras responsabilidades familiares de cuidado, além do cuidado com filhos e filhas.
  • Rompendo com os tetos de cristal nas experiências de desenvolvimento profissional foi um dos temas que mais despertou maior interesse no Fórum. Dentre os apontamentos, estão a persistência do teto invisível que existe nas organizações laborais da América Latina e Caribe e a necessidade urgente de dirigir ações positivas para que as mulheres possam ascender a postos de decisão mediante o investimento, formação e promoção interna. As apresentações de empresas, como Bayer; Codelco; Aguas Andinas, de Chile; Banco Nacional da Costa Rica, Câmara de Comercio Hispano-Colombiana, Universidade de Bio Bio, do Chile; e a Cooperativa Coomeva; foram experiências inspiradoras.
  • A não discriminação e inclusão da diversidade nas políticas empresariais e organizacionais foi um tema do II Fórum abordado por meio de experiências de trabalho sobre etnia e gênero no Brasil e sobre orientação sexual e identidade de gênero na Colômbia, além de iniciativas como as da Telecom, na Argentina, e Sodexo, no Chile. Nesses intercâmbios, foi concluído que a discriminação étnicorracial aprofunda a discriminação de gênero. Significa que as mulheres indígenas e afrodescendentes têm menos acesso ao emprego e ao emprego com qualidade e são majoritariamente discriminadas por tal razão que geram políticas específicas para que ingressem, permaneçam e cresçam no mercado de trabalho formal. A segunda conclusão é sobre a necessidade de trabalhar culturas organizacionais livres de discriminação, sobretudo de orientação sexual, mediante políticas comunicacionais internas e externas que abordem a diversidade da organização.
  • Desse modo, o II Fórum abordou uma das problemáticas centrais da região em torno do déficit de cuidados e da sobrecarga de trabalho que enfrentam as mulheres, o que dificulta seu ingresso e permanência no mercado de trabalho em igualdade. A partir da apresentação das experiências de políticas do Ministério do Trabalho, do Chile, as ações realizadas pela Empresa Caja de Compensación Familiar (CAFAM), da Colômbia, e a Empresa Surtigas, da Colômbia, e outras instituições presentes, foi proposto promover políticas de cuidado integrais, articulando atores, setores e instituições desde uma perspectiva de aliança público-privada para gerar acordos sociais sobre cuidado.
  • Sobre a integração das mulheres na administração pública foi apontada a necessidade de fazer avançar as políticas de carreira administrativa que apoiem a presença de mulheres mediante o desenvolvimento profissional e o estabelecimento de claras competências para os postos de decisão e que deverá articular com políticas públicas de transversalidade de gênero sistêmicas dotadas de orçamento capaz de medir resultados. O painel contou com as exposições do Centro de Estudos da Mulher, de Cuba, pertencentes à Federação das Mulheres Cubanas, as quais relataram a experiência de tranversalização da igualdade de gênero no Ministério da Saúde, o Alto Conselho Presidencial da Mulher, da Colômbia. Do Chile, foi evidenciada a experiência do Ministério de Mineração e as práticas e políticas de igualdade de gênero da Empresa Obras Sanitarias del Estado (OSE), do Uruguai.
  • A presença e participação de sindicatos da região foi outro dos elementos inovadores do II Fórum. Estiveram presentes representantes do Sindicato do Cobre, do Chile; da Federação Uruguaia de Empregados do Comércio e Serviços (FUECYS), do Uruguai; e o Sindicato da Aguja, do Uruguai; entre outros. A mesa insistiu e concluiu a necessidade urgente de incorporar alactor sindical em todos os debates para fazer avançar a igualdade de gênero em âmbito laboral. Estabelecendo a necessidade de continuar com espaços de diálogos tripartites entre sindicatos, empresas e Estado, primou-se pela inclusão da temática e no apoio ao empoderamento das mulheres nos sindicatos.

Com presença de organizações como PRODECOOP, COOMEVA, Cooperativas Cafetaleras, de Honduras, e Cooperativas Agrícolas, de Cuba, assim como entidades regionais como Cooperativas de las Américas e CCC-CA, as cooperativas também estiveram presentes no II Fórum. Uma das conclusões centrais é que a prática do cooperativismo, com os princípios que têm em sua filosofia, não é possível se não houver a igualdade de gênero na prática cotidiana. E se concluiu que é necessário avançar com uma adoção de Selos de Igualdade nas cooperativas, a partir das experiências já existentes na região.

Desse modo, dezoito (18) empresas públicas e privadas da América Latina e Caribe: Argos Colombia, CAFAM Colombia, Grupo CENE Brasil, Anglo American de Chile, Cooperativas de Créditos y Servicios Mártires de Taguasco, Ramón Balboa y José Rosabal de Cuba, PROSEGUR, Manpower, Aguas Andinas de Chile, Proactiva Aguas de Tunja Colombia, Bayer Región Andina, Colombina SA, Grupo COOMEVA, SODEXO Chile, Laboratorios BAGO y CODELCO Chile deram o primeiro passo para colocar fim à violência contra as mulheres mediante a assinatura de compromisso com o PNUD. Esta se celebra no marco da campanha do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, UNA-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres, coordenada pela ONU Mulheres e que se finalizará em 2015. Acordou-se continuar com a assinatura em nível nacional por meio de três áreas de trabalho: 1) desenvolver políticas e protocolos internos nas empresa e capacitar profissionais; 2) coordenar com instituições nacionais e o PNUD nacional campanhas nacionais para o fim da violência contra as mulheres e; 3) articular com o PNUD uma campanha regional de sensibilização, capacitação e outras iniciativas que promovam a erradicação da violência contra as mulheres na região.

Sobre os Programas de Certificação – O PNUD promove a aceleração dos progressos na igualdade de gênero e empoderamento das mulheres nos países da região por meio de iniciativas regionais, entre elas o projeto Selos de Igualdade de Gênero.

Desde 2003, mais de 1.700 empresas e organizações foram certificadas com os Selos de Igualdade de Gênero do PNUD 12 países da América Latina e Caribe. Estão participando de um processo de intercâmbio regional, iniciativa da Comunidade de Selos de Igualdade e da Rede de Empresas pela Igualdade na América Latina e Caribe.

Os Programas de Certificação em Igualdade de Gênero pretendem garantir o exercício dos direitos laborais e distinguir com um Selo de Igualdade de Gênero as empresas comprometidas com os direitos humanos, o trabalho decente, a justiça social e a igualdade de gênero. Representam uma oportunidade para aprofundar a igualdade de gênero na economia mediante a transformação da gestão dos recursos humanos das empresas públicas e privadas e a forma com que elas abordam os seus negócios.