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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Conheça Fabrícia Sabanê: expandindo horizontes a partir da atuação na defesa dos direitos das mulheres e da comunidade indígena



19.04.2023


Conheça Fabrícia Sabanê: expandindo horizontes a partir da atuação na defesa dos direitos das mulheres e da comunidade indígena/publicacoes mulheres indigenas

Fabrícia Sabanê, coordenadora executiva da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia aposta na organização coletiva das mulheres indígenas para garantia e promoção de direitos dentro dos territórios (Foto: Cortesia Fabrícia Sabanê)

Em 2015, Fabrícia, indígena da etnia Sabanê, já era professora quando decidiu estudar licenciatura intercultural na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), graduação voltada para professoras e professores de ensino básico para populações indígenas. Dentro da universidade, começou a atuar no movimento indígena a partir do diretório acadêmico para opinar nas decisões que afetavam os estudantes indígenas da UNIR. Hoje, após enfrentar os desafios de se manter estudando durante a pandemia de Covid-19, Fabrícia tem expectativas de um futuro fora da sala de aula, atuando para garantir e promover direitos da população indígena, incluindo o direito à educação básica para crianças e jovens.  

“De 2015 para cá busquei conhecer mais sobre nossos direitos. Hoje consigo acessar informações que antes a gente não tinha conhecimento e levar para os territórios. Na faculdade temos representantes dentro do diretório acadêmico e conselheiros indígenas. A partir desses exercícios enxergamos que podemos mais, vamos abrindo horizontes e percebendo que o que recebemos é, muitas vezes, o mínimo que temos direito”, explica a defensora de direitos humanos que em 2021 atuou no projeto “Mulheres indígenas de Rondônia superando os desafios de comunicação”, apoiado pelo “Conectando Mulheres, Defendendo Direitos”, iniciativa implementada pela ONU Mulheres com financiamento da União Europeia. 

Os primeiros contatos com o movimento indígena aconteceram na pré-adolescência, quando Fabrícia acompanhava seu pai, que foi conselheiro de saúde indígena, em reuniões. Sobre aquele tempo, ela comenta que já percebia o fato de os conselhos serem compostos majoritariamente por homens, assim como os agentes de saúde e professores sempre terem em comum o fato de serem homens. “Graças aos vários conhecimentos que mulheres indígenas têm buscado, a partir do empoderamento feminino, da certeza de que somos capazes de fazer e sermos o que quisermos, hoje temos mulheres ocupando espaços de tomadas de decisão, apesar de todos os desafios e preconceitos”, afirma Fabrícia, que hoje desempenha o cargo de secretária executiva da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia, a AGIR.   

Reconhecendo o olhar coletivo que mulheres têm para tomar decisões que afetam toda a comunidade, ela aposta que o que torna uma organização de mulheres indígenas fundamental para a defesa de direitos é a sensibilidade e a capacidade resolutiva das indígenas que vivem nos territórios, participam da vida escolar das crianças, acompanham consultas médicas e conhecem a fundo o que acontece nas comunidades. 

“Quando estou nos territórios e visito outras comunidades, sempre digo para as mulheres que nossa participação é essencial nos momentos e espaços de tomada de decisões, pois nós é que temos esse olhar coletivo e sentimos na pele todas as transformações que passam por dentro do território. Houve uma diminuição da extração de madeiras e minério ilegal em alguns territórios a partir de ações de mulheres indígenas que tiveram coragem de denunciar. Sei que muitas têm medo, mas reforço que é importante perder esse medo e que nunca é tarde para decidir falar e agir para lutar pelos nossos direitos enquanto mulheres indígenas”, pontua Fabrícia.   

AGIR e ONU Mulheres 

Em 2021, a AGIR recebeu apoio financeiro de ONU Mulheres para fortalecimento de suas capacidades institucionais. O projeto executado pela Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia buscou aprimorar conhecimentos de comunicação digital a partir de oficinas e elaboração de plano de comunicação institucional. A partir da comunicação implementada pela AGIR em 2021, a organização aumentou seu alcance on-line e aumentou sua articulação política, passando a fazer parte de redes regionais de povos indígenas, bem como redes nacionais de mulheres indígenas.  

Conectando Mulheres, Defendendo Direitos 

A iniciativa da ONU Mulheres Brasil financiada pela União Europeia visa a fortalecer solidariedade, habilidades e comunicações entre as defensoras de direitos humanos para o alerta precoce e autoproteção contra ameaças e violência contra mulheres e meninas, e tem como objetivos: 1. Garantir que as defensoras de direitos humanos se beneficiem de espaços seguros para desenvolver ações coletivas, defesa e estratégias de proteção em todas as regiões do país; e 2. Influenciar o alcance público para abordar estereótipos prejudiciais e discurso de ódio.