ONU Mulheres leva debate sobre igualdade de gênero para a Virada ODS, em São Paulo
11.07.2022
Evento promovido pela Prefeitura de São Paulo teve três dias de atividades com o objetivo de informar e mobilizar a população sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Entre os dias 8 e 10 de julho, a igualdade de gênero e os direitos das mulheres foram temas recorrentes em diferentes atividades realizadas em São Paulo (SP). Promovida pela Prefeitura da capital paulista, a Virada ODS buscou informar e engajar a população a respeito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre eles o ODS 5, que trata da igualdade de gênero. Foram atividades culturais, educativas, feira de negócios, hackaton e um congresso internacional em nove polos espalhados pela cidade. A ONU Mulheres esteve presente em debate realizado no sábado, dia 9, no CEU Jardim Paulistano, na Zona Norte da capital.
A atividade com a participação da ONU Mulheres foi o palco “Impacto da Ausência de Saneamento na Vida das Mulheres”. A gerente de projetos da ONU Mulheres Mariana Salvadori debateu o tema junto com a deputada Tabata Amaral, com a sócia e co-fundadora da Pantys, Maria Eduarda Camargo, e com a presidente executiva da Trata Brasil, Luana Pretto.
Pobreza menstrual e falta de saneamento – Mesmo estando entre os direitos essenciais de todas as pessoas, a água potável ainda não é acessada por mais de 15,8 milhões de mulheres no Brasil, segundo estudo realizado pela organização Trata Brasil. O esgoto tratado é ausente nos lares de outras 41,4 milhões de mulheres em todo o país. Neste cenário de ausências, as mulheres são as mais impactadas, direta e indiretamente – em áreas diversas, como saúde, segurança, moradia adequada, educação, alimentação e renda.
“A falta de saneamento impacta mais especificamente a vida da mulher porque é ela quem costuma ter a responsabilidade de cuidar da família e acaba sentindo mais essa ausência”, explicou a presidente executiva da Trata Brasil, Luana Pretto. “Se a gente tivesse 100% do Brasil com água e saneamento, 17,7 milhões de mulheres sairiam da condição de pobreza. Isso porque, a partir do momento que o saneamento chega à casa, a mulher não perde tanto tempo para as atividades cotidianas, não ocupa tanto tempo cuidando de filhos e filhas que sofrem com doenças causadas pela falta de água adequada para o consumo, entre outras atividades que tomam o tempo que essa mulher poderia estar estudando, trabalhando”, completou.
Além de saneamento básico e água potável, a falta de acesso a insumos ligados ao período menstrual também afeta diretamente a vida de milhões de meninas e mulheres no Brasil – a chamada pobreza menstrual. “Pobreza menstrual é quando a mulher não tem acesso a água limpa, sabão e a absorventes higiênicos, em especial no período menstrual. Isso tem impacto direto na saúde física e psicológica da mulher, que fica mais suscetível a infecções, e também fica mais reclusa, sem sair de casa, por conta de toda a vergonha ao redor do tema”, destacou a gerente de projetos da ONU Mulheres, Mariana Salvadori.
Autora do Projeto de Lei 428/2020, com objetivo de ofertar absorventes higiênicos em espaços públicos, e coautora do PL 4968/19, para fornecimento de absorventes higiênicos nas escolas, a deputada Tabata Amaral defendeu o acesso a insumos por todas as meninas e mulheres, assim como a necessidade de se tratar do tema da menstruação de forma mais natural em diferentes espaços. “Há estudos que mostram que as meninas perdem, por ano, um mês e meio de aula porque estão menstruadas, e que uma em cada quatro meninas brasileiras já faltou aula porque não tinha acesso a absorvente. Só quem diz que absorvente não é importante é quem sempre teve acesso ou quem nunca precisou dele”, afirmou.
“A estimativa é a de que 500 milhões de meninas e mulheres não tenham acesso a absorventes em todo o mundo”, completou a sócia e co-fundadora da Pantys, Maria Eduarda Camargo. A empresa é uma das pioneiras no Brasil no desenvolvimento de calcinhas absorventes reutilizáveis e hoje também é engajada em campanhas para levar o insumo a escolas, periferias e áreas remotas no Brasil. “A gente pensou em criar um produto que contribuísse cada vez mais para ressignificar a forma com que as mulheres passam pelo período menstrual, com foco em conforto e sustentabilidade”, afirmou.