Empoderamento econômico feminino para as mulheres da Coopfam
02.10.2018
O trabalho da mulher do campo ainda não é tão valorizado quanto o do homem. No entanto, essa realidade está mudando gradativamente no Brasil
Enxada nas mãos durante o dia. Roçar, arar, plantar…Entre um cuidado e outro com a terra, uma segunda jornada sempre à espera em casa. Ela é mãe, ela é filha, ela é jovem, ela é experiente, ela é mulher! Ela faz o melhor de acordo com suas capacidades, a fim de receber o resultado esperado. O trabalho da mulher do campo ainda não é tão valorizado quanto o do homem. No entanto, essa realidade está mudando gradativamente no Brasil. As mulheres rurais estão se organizando em cooperativas, associações e estão fazendo alianças para se qualificarem e aumentarem as redes comerciais.
Pensando nisso, um grupo de 30 mulheres, no interior de Poço Fundo (MG), se reuniu em torno de uma causa própria e na criação de um produto feito da força e da coragem feminina. O grupo de Mulheres Organizadas Buscando Independência (Mobi), surgiu por idealização de algumas mulheres da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam), que sentiram a necessidade de participação nas decisões da cooperativa. Elas se uniram e resolveram criar o grupo no qual se reúnem toda primeira sexta-feira do mês para decidirem sobre as diretrizes.
Com baixa acidez e um alto nível de doçura, o café feminino é o resultado do encontro e da luta dessas mulheres que acreditaram em seu potencial. O objetivo era a inserção e visibilização da mulher no segmento do café. Além disso, para ajudar na renda da família, as mulheres desenvolvem outras atividades como a confecção de artesanatos com subprodutos do café.
Hoje, a cooperativa trabalha junto com as mulheres para desenvolver e melhorar a produção, o produto e a vida das pessoas, criando consciência e mudando mentalidades e atitudes, gerando uma força de transformação que começa em cada uma das pioneiras e em suas cooperadas, promovendo destaque em toda a cadeia de consumo até o cliente final.
Segundo Edivania de Fátima Fernandes, 26 anos, responsável pela área comercial de torrefação do café feminino, muito mais que um produto, a satisfação vem por estarem organizadas contribuindo com o rumo da cooperativa e das suas propriedades. “Há poucos dias atrás as mulheres fizeram um mutirão para colher o café da Regina Mendes Nogueira. Por meio dessas atividades desenvolvidas, as cooperadas têm a oportunidade de trocarem experiências e buscar novos conhecimentos. Nossas mulheres começaram a plantar seu café usando a palha e a borra para criar arte e artesanato e também, cultivarem rosas. Com isso cresceram, e continuam se aprimorando, se desenvolvendo e trabalhando para alcançar muito mais além. ”
Ela afirma que só neste ano, a Coopfam participou de duas feiras internacionais a Bio Brazil Fair | BioFach America Latina 2018 e a Saitex 2018 – Feira Internacional da África do Sul, e uma nacional, a Bio Brazil Fair. Essas oportunidades servem como uma vitrine para os produtos orgânicos e teve no café feminino seu grande trunfo e triunfo. “Participar de feiras é uma forma de apresentar nosso produto ao mundo. Mostrar a todos o trabalho transformador que a Coopfam vem desenvolvendo ao longo dos anos. É uma forma de convidar o consumidor a fazer parte da cadeia do bem, a consumir com responsabilidade produtos da agricultura familiar e que traz benefícios para todos, além de valorizar a mulher do campo que se empodera com o próprio resultado. ”
Rosângela de Souza Paiva, agricultora familiar e cooperadora do Mobi, conta que desde criança ajudava na lavoura de café. Cresceu ajudando o pai e a mãe e ainda, catava café para vender e comprar material escolar, entre outras coisas. “Depois que me casei, aos 18 anos, pude ter minha terra para ter meu talhão de café onde faço a desbota, adubação e colheita e pós-colheita, e também atuo nas decisões quando devo vender e em quem investir, o que é muito bom pra gente, porque trabalhamos alegres e com esperança e isso ajuda no cuidar e na gestão da propriedade com responsabilidade. A participação da mulher é sempre boa para o desenvolvimento da cafeicultura”, salienta.
As mulheres nessa cooperativa não param. Em novembro, promovem a festa anual do café e organizam o festival de pratos, no qual o café é o atual ingrediente principal. Além de se desenvolverem, estão envolvendo também toda a comunidade local, participando de eventos onde passam seus conhecimentos e experiências para outras mulheres.
A Coopfam – A cooperativa nasceu da tomada de consciência de alguns produtores sobre a possibilidade de fazer as coisas diferentes e assim, ter uma vida melhor. Em 2003, a cooperativa começa a sua participação em feiras e visitas internacionais, ganhando visibilidade mundo afora e se aproximando de compradores de café fair trade e orgânico.
A Coopfam acredita na agricultura familiar, sustentável, orgânica e solidária e no comércio justo. Suas certificações asseguram o cumprimento de requisitos e normas legais por parte da instituição certificada, que passa a ter um compromisso com a sustentabilidade socioambiental no que concerne à produção no campo, respeita as normas trabalhistas e que promove, especialmente, a justiça comercial para a melhoria das condições de vida de seus cooperados.
15 dias pela autonomia das mulheres rurais – Os papéis desempenhados pelas mulheres rurais são tão numerosos quanto suas lutas e vitórias. O que não faltam são histórias de vida inspiradoras. No entanto, ainda não possuem o reconhecimento merecido. Sofrem com o preconceito, com a desigualdade de gênero e com outros problemas que herdaram da vida. Ainda há um longo caminho para o equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. A fim de mostrar que equidade de gênero e respeito são valores necessários cotidianamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que 2018 seria o Ano da Mulher Rural.
Pensando nisso, a partir do primeiro dia do mês de outubro, inicia-se, no portal, uma série de matérias que fazem parte da Campanha Regional pela Plena Autonomia das Mulheres Rurais e Indígenas da América Latina e do Caribe – 2018. Serão 15 dias de ativismo em prol das trabalhadoras rurais que, de acordo com o censo demográfico mais recente, são responsáveis pela renda de 42,2% das famílias do campo no Brasil.
Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Contatos: (61) 2020-0120 e imprensa@mda.gov.br