ONU Mulheres e Universidade de Brasília reúnem, em 20/6, ativistas e especialistas nos ‘Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver’
15.06.2018
Inscrições estão abertas até 19 de junho. Vagas são gratuitas e limitadas. Participantes receberão certificado de atividade acadêmica de extensão, expedido pela UnB e pela ONU Mulheres Brasil. Atividade é realizada em parceria com a Embaixada do Reino dos Países Baixos
Faça aqui a sua inscrição (acessar página de cursos de extensão, fazer login ou cadastro e inserir “mulheres negras” como palavra-chave) | Transmissão ao vivo pelo facebook da UnB TV
Os 30 anos da articulação política do movimento de mulheres negras, celebrados ao longo de 2018, são o fio condutor da atividade acadêmica “Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” que acontecerá, na próxima quarta-feira (20/6), das 14h às 19h, em Brasília. Três painéis estão programados para abordar marcos da organização política autônoma das mulheres negras no Brasil e sua influência na América Latina, oportunidades e desafios para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Década Internacional de Afrodescendentes – agendas estratégicas dos Estados-membros da ONU –, e o processo de organização do “Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil”.
Os “Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” é organizado pela Universidade de Brasília, ONU Mulheres Brasil, Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e Embaixada do Reino dos Países Baixos, com apoio da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos). As inscrições estão abertas até 19 de junho (acessar página de cursos de extensão, fazer login ou cadastro e inserir “mulheres negras” como palavra-chave), com vagas gratuitas e limitadas. Participantes receberão certificado de atividade acadêmica de extensão, expedido pela UnB e pela ONU Mulheres Brasil. Haverá transmissão ao vivo pela internet por meio do facebook da UnB TV.
A programação reúne ativistas e especialistas negras para debater desafios para o enfrentamento do racismo e do sexismo no Brasil e estratégias do movimento de mulheres negras, a exemplo da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, de 2015, e o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, ocorrido em 1988, em meio à afirmação da luta política das afro-brasileiras pela organização da própria força política durante o centenário da abolição da escravização negra.
O encontro se iniciará com saudação de Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil; Márcia Abrahão Moura, reitora da UnB; Creuza Oliveira, membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030; representante de coletivos de estudantes negras e Roderick Wols, ministro-conselheiro da Embaixada do Reino dos Países Baixos. Os “Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver” terão a participação de oito especialistas e ativistas negras, com atuação no feminismo negro e em movimentos populares, sindical, quilombola e juventude. Os debates terão mediação da Profa. Dra. Lourdes Teodoro, do Instituto de Artes da UnB; Deise Benedito, mestranda em Direitos Humanos na Faculdade de Direito; e Marilene Cardoso Dias, coordenadora-geral do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília, e apresentação da defensora dos Direitos das Mulheres Negras da ONU Mulheres Brasil Kenia Maria.
“Os Diálogos reconhecem o protagonismo das mulheres negras e suas organizações e as colocam no centro das reflexões, como sujetas ativas de direitos, para identificar ações e investimentos públicos e privados para que as mulheres negras não fiquem para trás no desenvolvimento sustentável. Reforça as parcerias entre o movimento de mulheres negras, universidade, embaixada dos Países Baixos e ONU em apoio aos direitos das mulheres negras, ao enfrentamento do racismo e do sexismo e a promoção do bem viver”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.
Para a reitora da UnB, Márcia Abrahão, o fortalecimento da parceria entre UnB e ONU Mulheres contribui para consolidar uma pauta de grande importância para a comunidade acadêmica e para a sociedade. “Dar visibilidade às mulheres negras – que são estudantes, docentes, pesquisadoras, mas também trabalhadoras, chefes de família – é essencial para que possamos enfrentar o racismo e a desigualdade de gênero”, considera.
Realidade das afro-brasileiras – As mulheres negras são 55,6 milhões de pessoas e correspondem a 25% da população brasileira. Em decorrência do racismo e do machismo, elas estão na base da pirâmide social e econômica. Estão sobrerrepresentadas nos índices de pobreza e têm renda média correspondente a 41% da remuneração dos homens brancos. Convivem com desafios para acessar os serviços públicos de saúde, educação e seguridade social. Elas ainda estão expostas às variadas formas de violência, sendo maioria entre as mulheres assassinadas, fato evidenciado na taxa de 5,3 de assassinatos de mulheres negras, enquanto para mulheres não-negras o indíce é de 3,1, configurando uma diferença de 71% entre negras e brancas no total de 4.645 mulheres brasileiras foram assassinadas no ano de 2016, conforme o Atlas da Violência 2018.
Esta realidade está denunciada na plataforma de ação da Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver – que em 2015, reuniu 50 mil mulheres negras em Brasília. No documento, as afro-brasileiras reivindicaram um novo pacto civilizatório, baseado no direito à vida e à liberdade; na promoção da igualdade racial; no direito ao trabalho, ao emprego e à proteção das trabalhadoras negras em todas as atividades; direito a terra, território e moradia; direito à cidade; justiça ambiental, defesa dos bens comuns e a não-mercantilização da vida; direito à seguridade social (saúde, assistência social e previdência social); direito à educação; direito à justiça; direito à cultura, informação e à comunicação; segurança pública, especialmente no enfrentamento ao genocídio da juventude.
Passos decisivos para o fim do racismo e do sexismo – Desenvolvida em parceria pela ONU Mulheres e por Comitê composto por ativistas sociais, a estratégia de comunicação e advocacy político Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 em três agendas de trabalho das Nações Unidas, oportunas para as dimensões de gênero e raça na centralidade da resposta brasileira para o desenvolvimento sustentável a partir da liderança das mulheres negras. São elas: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, adotada pelos Estados-membros da ONU para a qual foram elaborados 17 objetivos globais (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS); iniciativa global “Por um Planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, da ONU Mulheres, estabelecida com a finalidade de incidir sobre governos, empresas e sociedade na adoção de medidas concretas para o empoderamento das mulheres e meninas; e Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), proclamada pela Assembleia Geral da ONU, para a promoção dos direitos humanos da população negra mundial a partir dos pilares reconhecimento, justiça e desenvolvimento.
A estratégia ancora-se, ainda, na Plataforma de Ação de Pequim (1995), adotada na 4ª Conferência Mundial sobre a Mulher, no Plano de Ação de Durban, adotado na 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial e Intolerâncias Correlatas e no Marco de Parceria das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2017-2021, firmado entre a ONU e o Governo Brasileiro, que coloca como central a promoção da igualdade de gênero e raça e o enfretamento do racismo para o cumprimento da Agenda 2030 no país.
Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver
Data: 20 de junho de 2018
Horário: das 14h às 19h
Local: Auditório da Finatec (Av. L3 Norte – Campus Universitário Darcy Ribeiro) – Universidade de Brasília
Inscrições: limitadas e gratuitas – bit.ly/inscricoes_MulheresNegras_UnB
Outras informações: atividade com certificação da UnB e da ONU Mulheres
PROGRAMAÇÃO - 20 de junho de 2018 - das 14h às 19h Diálogos Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver 14h00 às 14h30 Abertura: breve saudação das instituições organizadoras da atividade Márcia Moura - Reitora da Universidade de Brasília. Nadine Gasman – Representante da ONU Mulheres Brasil. Roderick Wols – Ministro-Conselheiro da Embaixada do Reino dos Países Baixos Creuza Oliveira – Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 Representante de Coletivos de Estudantes Negras da Universidade de Brasília 14h30 às 16h00 Painel I - Mulheres Negras: 30 anos de direitos e ação política contra o racismo e o machismo no Brasil e influência na América Latina Givânia Silva – Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e doutoranda em Sociologia na UnB Benedita da Silva – Deputada Federal e Constituinte (1988). Rosario de los Santos – Coordenadora do Cone Sul da Rede de Mulheres Negras Afro-latinoamericanas, Afro-caribenhas e da Diáspora Mediação: Profª. Drª. Lourdes Teodoro – Instituto de Artes da Universidade de Brasília 16h00 às 17h30 Painel II – Mulheres Negras na agenda internacional: oportunidades e desafios para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Década Internacional de Afrodescendentes no Brasil Ana Lúcia Pereira – Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e Profa. Dra. Universidade Federal do Tocantins Maria Inês Barbosa – Profa. Dra. da Universidade Federal do Mato Grosso Nadine Gasman – Representante da ONU Mulheres Brasil Mediação: Deise Benedito – Mestranda em Direitos Humanos na Faculdade de Direito da Universidade de Brasília 17h30 às 19h00 Painel III - Mulheres Negras Movem o Brasil: Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos - contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver Ivana Leal – Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 Clátia Vieira – Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 Thânisia Cruz - Membra do Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030. Mediação: Marilene Cardoso Dias - coordenadora-geral do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília 19h00 Encerramento do encontro