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A ONU Mulheres é a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.

Brasil

Não deixar ninguém fora dos serviços de saúde, destaca diretora executiva da ONU Mulheres no Dia Mundial de Luta contra a Aids



02.12.2017


Declaração de Phumzile Mlambo-Ngcuka, secretária-geral adjunta das Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres, para o Dia Mundial da Aids

 

Não deixar ninguém fora dos serviços de saúde, destaca diretora executiva da ONU Mulheres no Dia Mundial de Luta contra a Aids/planeta 50 50 noticias

Phumzile Mlambo-Ngcuka, secretária-geral adjunta das Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres

 

A cada quatro minutos, três mulheres jovens são infectadas com HIV (Relatório ONUSIDA, Minha Saúde, Meu Direito, 2017). É evidente que elas não estão aproveitando o direito à saúde, nem o farão, até que possamos reverter as desigualdades e a discriminação que alimentam a propagação do HIV. Para alcançar as mudanças que procuramos, devemos nos concentrar nas pessoas cuja saúde e futuro não são atualmente uma prioridade.

Em todas as comunidades e países, os desequilíbrios nas relações de poder, as normas sociais que promovem o confinamento e a prevalência da violência e a discriminação baseada no gênero estão causando grandes lacunas na prevenção do HIV para as mulheres e meninas, bem como no tratamento desta doença. Isto é especialmente verdadeiro para os grupos marginalizados que, muitas vezes, enfrentam altos níveis de estigma e discriminação, como mulheres com deficiência, profissionais do sexo, mulheres que injetam drogas e mulheres na prisão, com o consequente aumento da dificuldade em acesso a cuidados médicos, especialmente quando há mais de um motivo de discriminação. Por exemplo, as mulheres grávidas que injetam drogas e vivem com HIV enfrentam maiores dificuldades no acesso a serviços para evitar que seus filhos se infectem com HIV do que outras mulheres vivendo com HIV (UNAIDS, 2014) .

As mulheres que sofrem altos níveis de discriminação também estão em alto risco de violência, o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de infecção (UNAIDS, 2017). Como exemplo, os dados da África Subsaariana sugerem um risco aumentado de infecção pelo HIV entre mulheres com deficiência em comparação com mulheres sem deficiência (ONUSIDA e HIV, 2017).

Existem várias iniciativas importantes em andamento que utilizam o conhecimento de fatores de risco e se concentram em desenvolver capacidades para aplicar com sucesso as melhores práticas.

A implementação de medidas urgentes destinadas a pôr termo a leis discriminatórias contra as pessoas em risco de contrair o HIV, bem como promover o empoderamento e a criação de um ambiente legal justo, levaram a um apelo sem precedentes para colocar as mulheres e meninas no centro do sistema de saúde, bem como a assinatura da Declaração Conjunta das Nações Unidas para Acabar com a Discriminação em Centros de Saúde pela ONU Mulheres e 11 agências associadas.

O programa SASA !, que se originou em Uganda, utilizou com sucesso a compreensão da relação entre discriminação, violência e infecção pelo HIV para reverter a situação através de ativismo local, advocacy e treinamento que levou a uma redução significativa na aceitação e incidência da violência contra o casal, incluindo violência sexual, dentro das comunidades (Abramsky, 2014). O Fundo Fiduciário das Nações Unidas para a Eliminação da Violência contra a Mulher, administrado pela ONU MUlheres, apoiou a implementação da SASA! no Quênia, no Haiti e na Tanzânia.

Não deixar para trás nenhuma mulher ou menina na resposta ao HIV significa garantir a sua plena participação e o compromisso no desenho dessa resposta, melhorando o acesso aos serviços e reivindicando o seu direito à saúde. Para fazer isso, devemos promover as vozes e a liderança das mulheres e apoiar o seu espaço na mesa de decisão. Em 2016, a ONU Mulheres apoiou redes de mulheres vivendo com HIV em 31 países, com o objetivo de aumentar a sua participação no sistema nacional de resposta ao HIV.

Também estamos desenvolvendo as habilidades de liderança de adolescentes e mulheres jovens para participar em fóruns para a elaboração de agendas e deliberações a nível nacional sobre a eliminação da AIDS, através de tecnologias digitais. Por exemplo, no Malawi, Uganda e Quênia, onosso programa “Compromisso + Empoderamento = Igualdade” mobilizou mais de 1.000 jovens campeões em apenas nove meses, incluindo 250 meninas vivendo com HIV, por meio de aconselhamento on-line e presencial, fornecendo suporte aos pares e programas de mídia social que atingiram milhares de jovens mulheres. A voz e o ativismo das mulheres jovens são especialmente importantes quando consideramos que as mulheres jovens constituem 74% das novas infecções na África Oriental e 91% das novas infecções no sul da África entre 15 e 19 anos de idade (ONUSIDA, 2016).

Neste Dia Mundial da AIDS, a ONU Mulheres apela a um compromisso que priorize e atinja todas as mulheres e meninas que estão atrasadas na resposta ao HIV: todas as mulheres e todas as meninas. Não deixar ninguém para trás, incluindo todas elas, sem exceção ou discriminação.